Em celebração aos 65 anos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), comemorados em 14 de dezembro de 2025, a Agência de Notícias e a TV Campus, vinculadas à Coordenadoria de Comunicação Social, lançaram a série “Direto do Gabinete”, um conjunto de entrevistas com as ex-reitorias da instituição. Publicadas em formato multimídia, as produções buscam valorizar a memória da Universidade e salientar os principais avanços na trajetória de cada gestão.
O sexto entrevistado da série é o professor Paulo Afonso Burmann, que foi o décimo primeiro reitor da UFSM, por dois mandatos, entre 2013 e 2021. Formado em Odontologia pela instituição, sua gestão buscou ampliar a infraestrutura da Universidade, além de aprimorar os serviços de assistência estudantil e formas de ingresso.
Em conversa com a Agência de Notícias, Burmann comentou sobre a sua trajetória na UFSM e os destaques de sua gestão. Confira a entrevista completa abaixo:
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Como foi sua trajetória na UFSM até se tornar reitor?
PAULO AFONSO BURMANN: Eu tenho uma história longa com a Universidade Federal de Santa Maria. Fiz vestibular em 1976 e concluí o curso de Odontologia em 1979. Dez anos depois, em 1989, prestei concurso e passei a ser professor na mesma área em que me formei. Logo após o ingresso na docência, fui para São Paulo cursar mestrado e doutorado na USP, onde permaneci por cinco anos. Ao retornar, comecei a assumir funções administrativas na Odontologia, atuando na coordenação do curso e aprimorando a relação entre departamentos, estudantes e instâncias superiores da Universidade. Essa experiência foi essencial para minha trajetória, que culminou na eleição para reitor em 2013 e na reeleição em 2017.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Em sua gestão, o SiSU foi implementado como forma de ingresso na UFSM. Como o senhor avalia a mudança da forma de ingresso?
BURMANN: O processo de adoção do SiSU foi amplamente discutido na Universidade. Inicialmente, a proposta da Reitoria era que 30% das vagas fossem destinadas ao SiSU e 70% mantidas pelo vestibular tradicional, com a possibilidade de retomada do seriado. No entanto, os conselhos superiores decidiram, de forma democrática, pela adoção de 100% das vagas via SiSU. Essa mudança trouxe uma diversidade muito maior para dentro da UFSM. Passamos a receber um retrato mais fiel da sociedade, com suas diferenças ideológicas, econômicas e sociais. Foi um avanço importante no sentido da inclusão e da representatividade dentro do ambiente universitário.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Uma das ações da sua gestão foi a criação da Casa do Estudante Indígena. Qual a importância dessa iniciativa?
BURMANN: Já havia estudantes indígenas na UFSM, mas em condições bastante precárias de permanência. Por isso, a criação da Casa do Estudante Indígena foi resultado de uma discussão profunda sobre acolhimento e respeito às especificidades culturais desses povos. Essa iniciativa proporcionou melhores condições de permanência e afirmou o compromisso da Universidade com a diversidade e a inclusão. Foi uma estratégia fundamental para garantir que os povos originários pudessem seguir seus estudos com dignidade e representatividade.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Uma das iniciativas da sua gestão foi a criação do Campus de Cachoeira do Sul. Quais são as reflexões sobre essa ampliação?
BURMANN: A expansão para Cachoeira do Sul foi um passo muito importante para a UFSM. Já existia um projeto anterior, mas conseguimos ampliá-lo e consolidar o campus como um espaço de referência. Essa região é extremamente rica e sempre demonstrou grande envolvimento com a Universidade. O campus trouxe oportunidades para muitos jovens que antes precisavam se deslocar para estudar e, ao mesmo tempo, contribuiu para o desenvolvimento regional. Hoje, Cachoeira do Sul é um dos polos de destaque da nossa instituição.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Deixe seu depoimento para os 65 anos da UFSM.
BURMANN: Quero cumprimentar todos os dirigentes que ajudaram a construir a história da nossa Universidade, especialmente o professor José Mariano da Rocha Filho, o reitor fundador e grande visionário que idealizou a UFSM. As pessoas passam, mas a instituição permanece. Cada gestor, servidor, estudante e egresso deixa sua contribuição, e é isso que faz da UFSM uma universidade viva, pulsante e comprometida com o futuro. Aos 65 anos, ela segue firme, sendo motivo de orgulho para todos que dela fazem parte e um pilar essencial para o desenvolvimento da sociedade e da humanidade.
Confira a entrevista em formato de vídeo no canal do Youtube da TV Campus ou clicando no player abaixo:
Direto do Gabinete é um projeto produzido pela Agência de Notícias com apoio técnico da TV Campus. A iniciativa consiste em um conjunto de entrevistas multimídia com ex-reitores da UFSM para valorizar a memória dos 65 anos da Instituição.
Produção, direção, roteiro e texto: Pedro Moro (acadêmico de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias)
Captação de imagens: Rafael Salles (jornalista), Thomas Townsend (técnico em audiovisual) e Gilvan Peters (cinegrafista)
Edição de imagens: Jeferson Carvalho (editor audiovisual), Rafael Salles (jornalista) e Thomás Townsend (técnico em audiovisual)
Arte e animação dos 65 anos UFSM: Vinicius Gumisson (designer) e Lucas Garcia (acadêmico de Publicidade e Propaganda), respectivamente
Arte de capa: Daniel Michelon De Carli (designer)
Edição: Ricardo Bonfanti (jornalista)
Supervisão geral: João Ricardo Gazzaneo (jornalista), Maurício Dias (jornalista) e Mariana Henriques (jornalista e chefe da Agência de Notícias)