No dia em que se comemora o aniversário de fundação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), lembra-se também dos profissionais de ambas as áreas. Regulamentada em 1979, a profissão do geógrafo engloba todos os profissionais formados em Geografia e, sendo assim, representa aqueles que se dedicam a compreender as manifestações socioespaciais, no sentido de empreender um estudo sobre como as técnicas, as ações humanas e o comportamento do espaço, dos territórios, das regiões, das paisagens e dos lugares se transformam com o passar do tempo, afinal, a geografia está em tudo.
Na Universidade Federal de Santa Maria, o curso de Geografia existe desde 1965, quando foi instalado como integrante da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Centro de Estudos Básicos. Após muitas reestruturações, somente em 1985 a Geografia passou a ser parte do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) e atualmente oferece as modalidades licenciatura e bacharelado, ambos sendo coordenados pela professora Dr. Sandra Ana Bolfe. Com o currículo recém reorganizado, Sandra garante que “a formação que a gente oferece garante que os formandos saiam habilitados para trabalhar nos setores públicos e privados, tanto em pesquisa como também em consultorias, assessorias e planejamento no âmbito da Geografia”.
Mauro Kumpfer Werlang, professor do Departamento de Geociências da Universidade, se tornou bacharel em geografia na UFSM, em 1987. Como Geógrafo, sua experiência está relacionada a atuação junto ao Curso de Geografia como docente e orientador de estágios de alunos bacharelandos. Segundo ele, “o mercado de trabalho para o bacharel em geografia têm apresentado crescimento face a preocupação com a questão ambiental e suas consequências na superfície terrestre, despertando a preocupação da gestão ambiental por parte da sociedade e dos órgãos públicos nas diferentes esferas de gestão”. O professor destaca ainda que se apresenta como potencial mercado para o geógrafo, questões relacionadas ao planejamento para comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas, e demais comunidades) e a utilização de geotecnologias para o planejamento territorial.
Aliando os conhecimentos dos bacharelados, o acadêmico e integrante do Diretório Acadêmico da Geografia (DAGEO) Carlos Hoffman Jr., garante que “a consciência de intervenção social sobre o espaço de forma crítica, em suas diferentes esferas, só é possível através da propagação da ciência geográfica, e isso se dá com a atuação dos profissionais da educação formados licenciados em geografia”. Reunindo os conhecimentos da licenciatura e do bacharelado em Geografia surgem profissionais atuantes essenciais para a difusão dinâmica do conhecimento, pois levam essa compreensão para formação básica, possuindo um grande desafio na sua atuação e de importância primordial.
Pensando no cenário nacional, o maior destaque se dá ao geógrafo Milton Santos, o maior expoente da geografia crítica do país. A obra do geógrafo apresenta um posicionamento crítico ao sistema capitalista e aos pressupostos teóricos predominantes na ciência geográfica de seu tempo, além de propor a concretização de uma “Geografia Nova”, marcada pela crítica ao poder e pela predominância do pensamento marxista, defendendo o caráter social do espaço, que deveria ser o principal enfoque do geógrafo. Em 1994, recebe o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, como forma de reconhecimento pela sua imensa contribuição para a área. Faleceu em 2001, deixando um dos maiores legados científicos e teóricos do Brasil.
“Sabendo que o espaço possui um caráter enérgico, não alheio ao tempo e ação humana, torna-se necessária a atuação constante dos agentes que o compõe na efetivação das ações” concluiu Dayane Verneq, ao defender a importância de Milton Santos para a formação de profissionais e cidadãos atuantes na sociedade. A aluna, defendeu ainda a ligação direta dessa formação humana e crítica com o DAGEO, já que esse reúne a classe discente para compor as mobilizações perante as demandas e pautas presentes dentro e fora do âmbito acadêmico, tocando questões políticas, teóricas e de ordem prática.
Texto por: Lucas Zimmermann, acadêmico de Comunicação Social – Relações Públicas e bolsista do Núcleo de Divulgação Institucional do CCNE
Revisão: Wellington Gonçalves, relações públicas do Núcleo de Divulgação Institucional do CCNE