Ana Paula Soares Müller, graduada em Engenharia Civil e mestre pelo PPGAUP do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), acaba de ser selecionada para uma prestigiada bolsa de doutorado na Faculdade de Engenharia e Tecnologia da Informação da Universidade de Melbourne, na Austrália. O programa da universidade australiana, realizado em parceria com o Instituto de Equidade Social de Melbourne, apoia pesquisas que promovam equidade social através da tecnologia.
A pesquisa de Ana Paula, cujo título em inglês é “Defining accessibility metrics for equitable and inclusive micromobility: an approach based on needs and capabilities” visa desenvolver indicadores que incluam as necessidades de mobilidade de grupos marginalizados, como pessoas com deficiência, idosos e populações de baixa renda. A orientação será feita em colaboração internacional, entre a professora Patrícia Sauri Lavieri, do Departamento de Engenharia de Infraestrutura na Universidade de Melbourne, e o professor Alejandro Ruiz-Padillo, do Departamento de Transporte da UFSM.
Durante seu período na UFSM, Ana Paula atuou como colaboradora voluntária no Laboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT), onde aprofundou estudos sobre acessibilidade pedestre – tema de seu mestrado – e publicou artigos relevantes na área. Mesmo no doutorado, Ana Paula mantém seu vínculo com o LAMOT; segundo o professor Alejandro, um dos coordenadores do LAMOT, trata-se de um passo importante na internacionalização das pesquisas, já Ana é a primeira doutoranda do grupo no exterior. Na graduação, a estudante realizou intercâmbio em Melbourne por meio do programa Ciência sem Fronteiras; naquela oportunidade, realizou estágio voluntário na empresa de engenharia Pitt&Sherry. Antes do doutorado, também lecionou no Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, consolidando sua trajetória acadêmica em instituições públicas brasileiras.

O site do Instituto de Equidade Social de Melbourne realizou uma entrevista com Ana Paula, traduzida e transcrita a seguir:
Entrevista com Ana Paula Soares Müller
Antes de iniciar seu doutorado, qual era sua trajetória?
Antes do PhD, trabalhei principalmente como colaboradora voluntária no Laboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT) da Universidade Federal de Santa Maria, no Brasil. No LAMOT, pude desenvolver minha pesquisa de mestrado sobre acessibilidade para pedestres com diferentes deficiências e publicar artigos relevantes nessa área. Antes disso, atuei como professora substituta no Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, também no Brasil, onde tive a oportunidade de desenvolver habilidades importantes como docente e pesquisadora.
O que a motivou a escolher esse tema para o doutorado?
Compreender a importância da equidade e acessibilidade é algo que cresceu em mim desde cedo. Vivi em contextos de forte desigualdade social e vi as consequências da inacessibilidade ao longo da vida de pessoas. Minha trajetória acadêmica foi toda construída em escolas públicas, e minha melhor amiga de infância usa cadeira de rodas. Para mim, mobilidade acessível sempre foi sinônimo de qualidade de vida. À medida que amadureci e entendi meus privilégios em acessar lugares e oportunidades enquanto tantos ao meu redor não podiam, assumi como meta trabalhar por uma mobilidade mais equitativa, especialmente para os mais vulneráveis. Como pesquisadora, acredito que o doutorado é o próximo passo para alcançar esse objetivo.
Quais resultados você espera alcançar?
Realizar um doutorado em engenharia de transportes na Universidade de Melbourne é um sonho realizado. Acredito que isso me permitirá desenvolver habilidades para me tornar uma pesquisadora e profissional melhor. Espero que minha pesquisa contribua ativamente para uma micromobilidade mais justa, especialmente para quem mais precisa: pessoas com condições de mobilidade limitadas. Quero que meu trabalho ofereça aos gestores públicos e urbanistas insights valiosos para construir cidades mais acessíveis, atentas às percepções e capacidades individuais. Idealmente, pretendo contribuir para melhorias práticas nas condições de micromobilidade, tanto na Austrália quanto no Brasil. E certamente darei o meu melhor para chegar lá.
Com informações do Instituto de Equidade Social de Melbourne, do LAMOT e edição da Subdivisão de Comunicação do CT
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