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Professora paraibana ministra workshop sobre dança em cadeiras de rodas no CEFD



É difícil encontrar quem não goste de dançar. Pode ser aquela dança 'dois pra cá, dois pra lá', um samba, pagode ou mesmo o clássico rock. Até mexer só o pezinho vale. O que importa é dançar, remexer o corpo, sacudir o esqueleto. Afinal, “quem dança, seus males espanta”. E, tentando mostrar tudo o que a dança pode representar, está sendo realizado no Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) até domingo, 30, um workshop sobre dança em cadeiras de rodas, com a professora Luciene Rodrigues Fernandes, da Fundação Centro de Apoio Integrado à Pessoa Deficiente (FUNAD), da Paraíba. O workshop é destinado aos acompanhantes dos portadores de necessidades especiais na dança. Luciene dá aulas há 36 anos e dança como poucos, pois, como ela mesma diz, "dança com a alma".

>> Confira aqui galeria de fotos do workshop

Andréa Ortis – Qual a tua experiência com a dança?

Luciene Fernandes – Eu sou professora há 36 anos, e, desses, 20 são dedicados à dança com deficientes. E há 11 anos me dedico também à dança esportiva de competição. Mas a minha experiência não é apenas com cadeirantes, pois é a partir da dança esportiva que surge a dança artística em cadeiras de rodas, que consiste em um mandante e um cadeirante e é mais livre, envolvendo todos os ritmos dançantes. E é este o grande desafio, porque dançar entre duas pessoas andantes é muito fácil, muito simples. Já dançar com cadeiras de rodas é um desafio para todos, porque é necessário construir um método adequado, de conseguir atingir as possibilidades corporais, e também porque se acaba vendo que não há um limite. Se a dança é prazerosa e rica, acaba-se percebendo que é uma dança belíssima, uma dança gostosa.

A. O. – Há muita procura por parte dos cadeirantes?

L. F. – Há uma grande procura sim. No entanto, em um primeiro momento, é mais a questão de dançar para conhecer mesmo, e não dançar em uma competição, porque a maioria teme competir com outros. Mas todos querem conhecer a dança artística em cadeira de rodas, justamente por ter essa possibilidade de estar junto com o mandante. Já a dança esportiva, por ser mais elaborada, precisa de mais dedicação e, é claro, que também tenha toda uma preparação e tempo pra gostar daquilo que faz. Ou seja, é preciso ser um atleta e ter o prazer de buscar novos horizontes e desafios. É necessário superar os limites. Ser um atleta, um campeão, é superar desafios, sendo deficiente ou não.

A. O. – Que técnicas você utiliza nas aulas de dança?

L. F. – Os recursos que utilizamos na dança esportiva são os recursos técnicos da dança de competição europeia, que é a dança de salão de competição de andantes. E com os cadeirantes nós utilizamos uma técnica que também é desenvolvida na Europa, em que se mostra a dança de competição entre um andante e o cadeirante. Os campeonatos ocorrem no mundo inteiro, mas principalmente na Europa, porque a dança predomina, com força total, na Alemanha. Depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945, muitos mutilados de guerra precisavam seguir sua vida e buscar novos desafios, de superar o corpo que naquele momento era diferente do que havia sido antes da guerra. E a dança foi um elemento que foi construído nessa época para as pessoas que tinham deficiência física.

A. O. – O que é a Confederação Brasileira em Dança em Cadeira de Rodas e qual teu papel?

L. F. – A Confederação, fundada em seis de novembro de 2001 na Faculdade de Educação Física da Unicamp, é uma entidade civil responsável pela administração, promoção e incentivo da modalidade de dança em cadeira de rodas, praticada por dançarinos com e/ou sem deficiência física no Brasil. Eu sou sócio-fundadora e, hoje, quem está à frente dela é a professora doutora Liana Lúcia Ferreira, da Universidade Federal de Juiz de Fora, que estuda essa temática. Foi ela, inclusive, quem trouxe e buscou esse conhecimento sobre esta dança, tendo trazido sete profissionais internacionais para a Confederação. E também, é uma das únicas pesquisadoras do mundo que teve a tese de doutorado sobre dança em cadeiras de rodas. Ela iniciou as pesquisas na Universidade de Uberlândia, no final dos anos 80, e várias universidades contribuíram também, como a Universidade Estadual de Campinas, a Universidade Metodista de Piracicaba, a Universidade de Uberlândia e a Universidade Federal de Juiz de Fora.

A. O. – Você ministra workshops no Brasil todo?

L. F. – Sim, no Brasil todo. Também sou técnica nos estados que querem inserir dançarinos na competição nacional.

A. O. – O que a dança representa pra você?

L. F. – A dança para mim é o alimento. É a minha qualidade de vida, as portas da inclusão, seja ela com deficientes ou não. É um universo completo da harmonia, do amor, das possibilidades, e, acima de tudo, da porta do conhecimento. E também, pelo fato de a gente poder sempre estar mostrando que as pessoas são felizes e que é simples ser feliz. A dança representa pra mim tudo isso e mais alguma coisa, que eu ainda não consegui descobrir.

O Workshop de Dança em Cadeiras de Rodas vai até domingo, 30, no Ginásio Didático II do CEFD e está aberto para visitação. E, quem tiver interesse no trabalho da professora Luciene, o telefone para mais informações é (83) 9967-8416 e o e-mail é lucienerodriguesfernandes@hotmail.com.

 

Repórter: Andréa Ortis – acadêmica de Jornalismo

Edição: Luciane Treulieb

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