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Polícia Civil apresenta resultados do Inquérito e indiciamentos pela Tragédia da Boate Kiss



 

A Polícia Civil apresentou na tarde de hoje (22), no Auditório Flávio Miguel Schneider, no prédio 42 da UFSM, o resultado do Inquérito Policial referente ao incêncio ocorrido na Boate Kiss, no dia 27 de janeiro, que resultou na morte de 241 pessoas e deixou 623 pessoas feridas. A investigação da Polícia Civil durou 55 dias e resultou no maior inquérito da história da Polícia Civil gaúcha, com mais de 13 mil páginas divididas em 52 volumes. Além da imprensa, estavam presentes membros da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Kiss.

A mesa da coletiva de imprensa iniciada às 14h30min foi composta pelo chefe de Polícia do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior, e pelos delegados Marcelo Arigony, Sandro Meinerz, Luísa Souza, Gabriel Zanella e Marcos Vianna, além da coordenadora da 5ª Coordenadoria Regional de Perícias, Maria Ângela Zuchetta. Inicialmente, Ranolfo Vieira Júnior destacou o trabalho do Instituto Geral de Perícias, e agradeceu à comunidade, aos familiares das vítimas e também à Polícia Federal pela contribuição nas investigações.

– Essa foi apenas a primeira conclusão de um longo processo – destacou.

A seguir, manifestou-se o delegado Marcelo Arigony, que conduziu a apresentação do inquérito. Arigony ressaltou o conteúdo documental do inquérito, que contou com depoimentos de 810 pessoas e mais de mil fotos. Arigony destacou que, como todo o inquérito, a apresentação traz responsabilidades:

– Estamos aqui para esclarecer os fatos. Depois, o Ministério Público e a Justiça vão dar sequência ao trabalho – afirmou o delegado, antes de dar seguimento à apresentação dos slides.

As provas periciais, colhidas ao longo das investigações, confirmaram que a asfixia foi a causa de todas as mortes. Segundo Arigony, a asfixia foi provocada pela sinergia resultante da fusão entre monóxido de carbono e cianeto.

Sobre o trabalho da Polícia Federal, Arigony destacou a importância na análise de celulares, fotos e vídeos colhidos no dia da tragédia. No auditório do prédio 42 do campus da UFSM, foram exibidos dois vídeos que mostravam os momentos iniciais do incêndio.

O primeiro vídeo mostrava a tentativa dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira e seguranças da Kiss de apagar o foco inicial do fogo. No segundo, cujo áudio foi retirado para amenizar o impacto das imagens nos presentes, era possível perceber a rápida propagação da fumaça. Algumas pessoas preferiram deixar o auditório no momento das exibições.

As provas documentais também foram apresentadas por Arigony. De acordo com o delegado, as centenas de documentos recolhidos durante as investigações comprovaram a impossibilidade de funcionamento da boate Kiss. O alvará de localização e o parecer técnico do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura apontavam irregularidades, bem como o plano de prevenção contra incêndios e o termo de ajustamento de conduta.

Segundo a Polícia, a colaboração das vítimas foi fundamental para o inquérito

O delegado Marcelo Arigony afirmou que os depoimentos das testemunhas foram fundamentais para o esclarecimento dos principais fatores que levaram à tragédia. De acordo com o inquérito, mais de 60 pessoas afirmaram que os integrantes da banda jogaram água para tentar conter o fogo e 108 pessoas viram o vocalista e seguranças da Boate Kiss tentarem utilizar o extintor, que não funcionou.

As deficiências de estrutura física também ficaram claras no inquérito. Cerca de 150 pessoas declararam que não conseguiram visualizar qualquer tipo de sinalização ou iluminação de emergência. As barras de contenção ou guarda-corpos que obstruíram a saída de quem estava no interior da boate foram apontadas por 124 testemunhas como alguns dos principais obstáculos enfrentados pelas vítimas. Além disso, 24 pessoas declararam que a Boate Kiss já havia passado por diversas reformas.        

Os resultados da investigação

Na versão final do inquérito apresentado pela Polícia Civil na tarde desta sexta-feira no campus da UFSM, foram apresentadas as principais causas da tragédia da Boate Kiss e apontados os nomes dos 35 prováveis responsáveis pela morte de 241 pessoas.

De acordo com a Polícia, o fogo na boate começou pouco depois das três horas da manhã do dia 27 de janeiro e foi originado por faíscas do sinalizador utilizado pelo vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos. Segundo o delegado Sandro Meinerz, uma série de irregularidades envolvendo a boate contribuiu determinantemente para que o número de feridos e vítimas fatais seja tão expressivo. São eles: erros na concessão de alvarás por parte do poder público municipal e pelo Corpo de Bombeiros, falha no funcionamento e localização inadequada dos extintores, ausência de sinalização de emergência, uso de material impróprio para o isolamento acústico, superlotação do estabelecimento, obstrução da única porta da boate com barras de ferro e exaustão inadequada do ar.

Das 35 pessoas apontadas como envolvidas no caso, 16 foram imediatamente indiciadas. Cópias do inquérito, com recomendações de indiciamento e de investigação serão encaminhadas à 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, à Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada pela Câmara de Vereadores de Santa Maria, à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, à Câmara dos Deputados, ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo, à Justiça Militar, à Procuradoria Geral de Justiça do Rio Grande do Sul e ao Ministério Público.

A responsabilidade do prefeito de Santa Maria, Cezar Augusto Schirmer, deverá ser apurada pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e pela CPI instaurada pela Câmara de Vereadores de Santa Maria para apurar fatos relacionados com a tragédia.

Confira, abaixo, a lista completa dos nomes citados no inquérito entregue nesta sexta-feira à justiça pela Polícia Civil:

Acusação: 241 homicídios dolosos qualificados e 623 tentativas de homicídio

Marcelo de Jesus dos Santos – vocalista da banda Gurizada Fandangueira

Luciano Augusto Bonilha Leão – produtor da banda Gurizada Fandangueira

Elissandro Callegaro Spohr – sócio-proprietário da boate Kiss

Mauro Londero Hoffmann – sócio-proprietário da boate Kiss

Ricardo de Castro Pasche – gerente da boate Kiss

Ângela Aurelia Callegaro – proprietária da boate Kiss

Marlene Teresinha Callegaro – proprietária da Kiss

Gilson Martins Dias – bombeiro vistoriador

Vagner Guimarães Coelho – bombeiro vistoriador

Acusação: 241 homicídios culposos

Miguel Caetano Passini – atual secretário municipal de mobilidade urbana

Luiz Alberto Carvalho Junior – secretário municipal de meio ambiente

Beloyannes Orengo de Pietro Júnior – chefe da fiscalização da Secretaria de Mobilidade Urbana

Marcus Vinícius Bittencourt Bierman – funcionário da Secretaria de Finanças que emitiu o alvará de localização da boate

Acusação: fraude processual

Gerson da Rosa Pereira – major do Corpo de Bombeiros que incluiu documentos na pasta referente ao alvará da boate

Renan Severo Berleze – sargento do Corpo de Bombeiros que incluiu documentos na pasta referente ao alvará da boate

Acusação: falso testemunho

Elton Cristiano Uroda – ex-sócio da boate Kiss

Acusação: indício de homicídio culposo (apuração restrita à Justiça Militar)

Moisés da Silva Fuchs

Alex da Rocha Camillo

Robson Viegas Muller

Sérgio Rogério Chaves Goulart

Dilmar Antônio Pinheiro Lopes

Luciano Vargas Pontes

Eric Samir Mello de Souza

Nilton Rafael Rodrigues Bauer

Tiago Godoy de Oliveira

Acusação: improbidade administrativa (apuração restrita ao Ministério Público)

Cezar Augusto Schirmer

Moisés da Silva Fuchs

Alex da Rocha Camillo

Daniel da Silva Adriano

Marcelo Zappe Bisogno

Miguel Caetano Passini

Luiz Alberto Carvalho Junior

Beloyannes Orengo de Pietro Júnior

Marcus Vinícius Bitterncourt Bierman

Fotos: Ítalo Padilha e Tainan Pauli – Acadêmico de Ciências Sociais.

Repórteres: Fernanda Arispe e Nicholas Lyra – Acadêmico de Jornalismo.

Edição: Lucas Durr Missau.

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