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Chapa 1 – Para voar mais alto



A chapa 1 que concorre nas eleições para reitor na UFSM, nos dias 2 e 3 de julho, é formada pelo diretor do Centro de Ciências da Saúde, Paulo Burmann e pelo professor do Centro de Ciências Rurais, Paulo Bayard. O slogan da campanha é “Para voar mais alto, é preciso mudar”. Durante entrevista, os candidatos falaram sobre as prioridades da gestão, os planos para os próximos anos caso seja eleita e fizeram uma avaliação da atual gestão.

Myrella Allgayer – Quais são as prioridades para a gestão da Chapa 1?

Paulo Burmann – A primeira coisa em que devemos pensar é estabelecer uma gestão planejada, pensando no futuro da universidade. Há alguns desafios internos, imediatos. Precisamos estabelecer uma linha de ação que coloque certa harmonização entre os diferentes setores da universidade, no que diz respeito à gestão, e no que diz respeito ao relacionamento entre as pessoas. Efetivamente, queremos desenvolver uma gestão que represente as expectativas do futuro da universidade. 

O slogan "Voar Mais Alto" que está sendo proposto implica uma série de pessoas: é necessário pensar em um resgate da autonomia institucional que a universidade tem, e que aos poucos foi abrindo mão, permitindo que agentes externos passassem a definir as coordenadas, pelas quais a universidade deve ser guiada. Talvez isso dependa muito de articulação política, de vontade política.

Para a Chapa 1, a Universidade deve estar a serviço da sociedade, através do ensino, da pesquisa e da extensão. Nesse contexto, precisamos estar muito bem organizados e articulados. Pensamos em planejamento, em uma gestão transparente e democrática. Será um modelo de gestão diferente do que o que temos atualmente, que é mais centralizado no autoritário, e pouco transparente. A gestão que propomos quebra o "continuísmo" dos últimos 20 anos. É um modelo que já está desgastado.

Colocando em termos práticos, será uma gestão humanizada, moderna, participativa, e com foco na qualidade. Além disso, com uma valorização do ensino, da pesquisa e da extensão, para que estes possam sustentar a universidade. Queremos sair do discurso e ir à prática do equilíbrio entre esses fatores.

Acreditamos que a UFSM precisa adotar uma postura de comprometimento com as questões sócio-ambientais. Se andarmos pelo campus, vemos que ele se constitui em um exemplo de como não tratar o meio ambiente. Tanto na questão de resíduos e de fluentes, quanto na questão das obras, não só no andamento delas, mas na forma com que estas são construídas. Quem anda pelo campus, vê uma série de irregularidades na edificação. Há resíduos dos materiais de construção espalhados, fogueiras com restos de obras, um verdadeiro descaso com o meio ambiente.

Também temos que pensar na necessidade de manter e aperfeiçoar o que está bom, e modificar e solucionar o que não está. Mais do que isso, precisamos pensar na ampliação do espaço físico: de salas de aula, de laboratórios. A universidade dobrou de tamanho, em termos de número de matrículas, durante um período de 10 anos, e a estrutura não acompanhou. Por isso, é comum ver a falta de salas de aula, falta de laboratórios, e de espaço para administração e para projetos.

O que mais preocupa é o quadro de docentes e de técnico-administrativos para atender a demanda de ensino, pesquisa e extensão. Temos 28 mil estudantes, e um número de servidores que não atende esta demanda. A adequação está em descompasso. Em comparação com outras universidades, parece que estas conseguiram um acordo melhor com o governo. Se pegarmos a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) como exemplo, diria que para cada servidor na UFSM, a UFRGS tem três.

A UFSM precisa correr atrás da recomposição de seu quadro. São desafios importantes, e que temos que tratar. É preciso também mudar a gestão. E mudar consiste em novas ideias. Nesse universo da Universidade, temos um contingente excepcional de pessoas de qualidade, e que precisam de uma oportunidade para mostrar o que podem e o que sabem. Certamente, trabalharemos com esta perspectiva.

Para novas oportunidades, precisamos de uma nova gestão. E para isso, precisamos voar mais alto. Olhar a universidade como um conjunto. Estamos bastante preparados para enfrentar esses desafios.

M. A. – Que projetos a chapa 1 planeja para os alunos de graduação, pós-graduação, docentes e servidores?

Paulo Bayard – A política de extensão na universidade é extremamente frágil. Há projetos excelentes, desenvolvidos pelos três segmentos, de docentes, alunos e técnicos. Mas não existe uma política de extensão na UFSM. Não existe uma ação efetiva da universidade na sociedade, e nas políticas decisórias da região.

Não existe a extensão que vai desde o pequeno produtor até a indústria. Isso envolve alunos, professores e técnicos, e é o que constitui uma universidade. A pesquisa é outro ponto desfavorável. Ela cresceu, pois existe um investimento grande na pesquisa, em termos federais. Mas os principais projetos foram barrados em instâncias superiores. Então, temos projetos claros para fomentar a pesquisa, que vão desde a parte estrutural da Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa, que hoje, em todas as grandes universidades, é separada. Dobra-se o poder dos órgãos de pesquisa nos ministérios, no fórum de pró-reitores e até mesmo nas instituições nacionais de pró-reitores.

Não existe uma valorização para o professor ou para o técnico-administrativo que esteja envolvido principalmente em extensão, e muito fragilmente para a pesquisa. Não entendo uma universidade sem esse tripé. Há várias instituições que fazem o ensino de sala de aula: o professor fala, e sabe tudo, e o aluno apenas escuta. Esse sistema é totalmente arcaico e deve mudar. Uma das maneiras para fazê-lo é envolver o aluno na pesquisa e na extensão, para que ele pratique o que aprende em sala de aula, e passe para os laboratórios.

Minha primeira bolsa CNPq foi em 1984, e sou pesquisador desde então. Sempre tenho de 10 a 12 alunos envolvidos em pesquisa, junto a alunos de pós-graduação, de mestrado e doutorado. Esses alunos saem totalmente diferenciados dos que não participam, e que aparecem apenas na sala de aula. Então, os que tem interação, sejam alunos de mestrado, doutorado ou pós-doutorado, não só aprendem a prática, mas a desenvolver o senso crítico, e a debater ciência.

Se o tripé de ensino, pesquisa e extensão estiver só na palavra, não é universidade. Nós pensamos em projetos específicos para a pesquisa e a extensão, está em nossa proposta.

 M. A. – Que avaliação a chapa 1 faz da atual gestão?

Paulo Burmann – Em poucas palavras, ela é pouco democrática, centralizadora em todas as questões, e se constitui em um modelo de continuísmo. É um modelo já esgotado, que já fez sua contribuição. Precisamos estabelecer uma renovação.

Foram realizadas boas tarefas, mas precisamos trabalhar de outra perspectiva. Fazer uma gestão mais participativa e menos autoritária, onde a arrogância não seja uma marca. Queremos estabelecer uma relação com todos os segmentos, com absoluta naturalidade. Uma gestão que ouça mais, e que com esse ouvir, tome atitudes que sejam do interesse da comunidade universitária.

Paulo Bayard – O que é importante, e que falta nessa administração, é transparência. No momento em que o reitor trabalha para a reeleição, os critérios provavelmente não serão para o desenvolvimento da instituição. Faltam critérios fundamentais para o desenvolvimento da instituição, e da transparência total.

M. A. – Caso a Chapa 1 vença as eleições, há algo em planejamento para os quatro anos de mandato?

Paulo Burmann – Falando em termos gerais, faremos uma gestão com maior participação interna e externa, com o estabelecimento de um diálogo mais aberto com a comunidade.

Se pensarmos em alternativas, precisamos fazer uma articulação forte com o poder público municipal, estadual e federal, para resolver o problema de transporte coletivo. É uma patologia que se estende há muitos anos e como não atinge os dirigentes, torna-se um problema menor, e é tratado como tal. Portanto, não se apresentam soluções. É lógico que isso não depende apenas do reitor. No entanto, depende de uma conversa, um diálogo, uma articulação deste com o poder público para tentar solucionar o problema.

Nós precisamos de soluções para os acessos aos campi. Pois inclusive, em Frederico Westphalen, Silveira Martins e Palmeiras das Missões, os campi têm sérios problemas de transporte também. Não é uma reclamação única do campus de Santa Maria. Neste momento, o reitor deve conversar com as autoridades do município, e tentar resolver o problema.

Dentro do próprio campus, o transporte circular é uma demanda histórica. Não há como se deslocar dentro do campus a pé. Pensamos em ciclovias, e na disponibilização de bicicletas à comunidade para quem desejar pedalar para se deslocar.

A universidade deveria estar construindo modelos que pudessem servir à sociedade. Se chamamos esse espaço de cidade universitária, onde está seu plano diretor?

Precisamos achar soluções para tornar esse espaço mais humanizado. Afinal, passamos a maior parte de nosso tempo aqui. Precisamos melhorar o Restaurante Universitário e a moradia estudantil. Oferecer mais e melhores condições de permanência para os estudantes, aos quais a universidade proporcionou o acesso, em função da ampliação do número de vagas, e das políticas governamentais. 

A universidade precisa fazer um melhor aproveitamento do ciclo virtuoso de investimento do governo federal. Não negociamos bem o processo de expansão. Ampliamos o número de vagas e não recebemos uma contrapartida, pois não negociamos adequadamente o processo de expansão do Reuni. O que foi prometido pelo Reuni, nós já ganhamos. Então, o governo prometeu pouco em relação ao que nós oferecemos.

Foi uma negociação equivocada, feita às pressas, sem discussão com a comunidade. Ainda falta infraestrutura e recursos humanos para dar conta de toda a demanda. E isso repercute na qualidade do que estamos oferecendo à comunidade.

Foto: Arianne Lima – Acadêmica de Jornalismo.

Repórter: Myrella Allgayer – Acadêmica de Jornalismo.

Edição: Lucas Durr Missau. 

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