A culinária, a música e a cultura afro em geral fizeram-se presentes no final da tarde de quinta-feira (13) no Espaço Multiuso da UFSM, durante um ato de acolhimento aos calouros. A iniciativa foi promovida pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), contando com o apoio do Núcleo de Estudos Contemporâneos (Necon) e do Afirme – Observatório de Ações Afirmativas. Além de recepcionar os calouros, o evento foi uma celebração aos sete anos de existência do Programa de Ações Afirmativas de Inclusão Racial e Social da UFSM. Os direitos dos negros, de pessoas com deficiência e de outras comunidades beneficiadas pelo sistema de cotas também estiveram em debate na ocasião.
Antes do início do debate e das apresentações artísticas, o público teve a oportunidade de degustar pratos típicos da cultura afro-brasileira. Enquanto o sistema de som tocava músicas tradicionais da cultura negra no país, as pessoas também apreciavam a exposição fotográfica "Olhares Negros", cedida pelo Museu Treze de Maio. A mostra conta um pouco da trajetória, do cotidiano e da atuação de cidadãos negros em suas comunidades. Os textos produzidos para a exposição também estavam disponíveis em braile e em audiodescrição, para a sua apreciação por deficientes visuais.
Como uma introdução às atividades subsequentes, e para fazer uma recepção mais formal aos calouros, houve a formação de uma mesa com representantes da Prograd, da Comissão de Ações Afirmativas da UFSM e do Necon. Representando estes três órgãos, estavam presentes, respectivamente, o pró-reitor Albertinho Luiz Gallina, o professor Getulio Silva Lemos (vice-presidente da comissão) e a professora Maria Catarina Chitolina Zanini (diretora do Necon).
Antes das manifestações destes três professores, houve a exibição do vídeo "Ações Afirmativas na UFSM", que apresentou um histórico da política de cotas na instituição e a sua situação atual. O Vestibular da UFSM proporciona a possibilidade de ingresso por meio do sistema de cotas a pessoas com deficiência, afro-brasileiros, indígenas e egressos de escolas públicas.
Ressaltando as oportunidades diferenciadas de ingresso oferecidas pela universidade, o professor Getulio Silva Lemos frisou também a necessidade de que estes alunos não somente entrem na instituição, mas que permaneçam nela até o fim do seu curso. "Precisamos de uma contrapartida dos alunos que ingressam pelas ações afirmativas: que eles entrem, estudem e se formem."
Em nome da UFSM, o pró-reitor de Graduação deu as boas-vindas aos alunos ingressantes pelo sistema de ações afirmativas. Ele destacou o seu desejo de que os cursos ofereçam um acolhimento especial a estes alunos e criem "um vínculo efetivo com os estudantes cotistas". Em seguida, dirigindo-se a eles, a diretora do Necon os instigou a sentir-se "parte de um movimento histórico extremamente importante". Toda a parte falada do evento teve tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Dando continuidade à programação, o público assistiu à declamação de poemas com temática afro da autoria de Oliveira Silveira e Mestre Cuti, sob a interpretação de Geanine Escobar. A seguir, Nei d'Ogum, coordenador geral da exposição "Olhares Negros", falou sobre os objetivos da mostra e de como ela foi produzida.
Encerrando a programação do evento, temas como ações afirmativas, preconceito e direitos de minorias estiveram em debate na mesa-redonda "Para quem? Por quê? Para quê? Consequências para uma sociedade diversa e plural". Os debatedores convidados foram os seguintes:
– Waldir Bertulio, professor da Universidade Federal de Mato Grosso;
– Maria Rita Py Dutra, integrante do Necon;
– Rosane Brum Mello, assistente da Prograd e integrante das comissões indígena e de ações afirmativas da UFSM;
– Ana Lúcia Melo, coordenadora do Afirme.
