Eles não prescrevem medicamentos, não realizam exames, não
fazem curativos, não conversam com o paciente e, mesmo assim, são muito
aguardados na Unidade Psiquiátrica do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).
Pioneiro no hospital, o projeto de cinoterapia proposto pelo Corpo de Bombeiros
tem despertado sorrisos e afagos dos pacientes que participam da atividade.
Guapo é um cão labrador de 3 anos de idade. Na tarde de
quinta-feira (28), ele tomou água a cada 15 minutos e recebeu muito carinho.
Todo esse “paparico” ocorreu enquanto o cão-bombeiro passeava e jogava bola com
os pacientes, no pátio interno da psiquiatria. Até mesmo os mais reservados,
aos poucos, iam trocando de banco e se aproximando do animal, até tocá-lo e
poder dar uma volta na quadra de esporte, acompanhados do soldado Brum – fiel
escudeiro de Guapo.
A mesma cena aconteceu também no dia 12 de dezembro e poderá
ser vista duas vezes por mês, quando os cães – usados em operações de busca e
salvamento pelos bombeiros – chegarem ao Husm.
“O grupo procurou o hospital e ofereceu essa parceria.
Ficou definido que, pelo menos quinzenalmente, os pacientes poderão ter contato
com os animais. Além do Guapo, veio na primeira visita e estará nas próximas o
Logan, que também é labrador”, explicou o major Sallet, comandante da 1°
Cia. de Bombeiros Militar do 4° Batalhao de Bombeiros Militar.
Os cães, antes de vestirem o jaleco – presenteado pelo Husm –
com a símbolo do Corpo de Bombeiros, passam por um processo de higienização.
Pelo trabalho que desenvolvem, precisam gozar de boa saúde e estar com a
vacinação em dia.
“Como são cães que a gente usa para busca, estamos
sempre prontos a sair para qualquer lugar do Estado. Então, o controle
parasitário dele é muito intenso. E, antes de vir para o hospital, a gente
passa no petshop. O Guapo hoje ficou das 10h às 12h fazendo uma limpeza geral”,
conta o soldado Brum.
A interação entre os cães e os pacientes acontece no horário
de recreação da Unidade Paulo Guedes, das 15h às 16h, quando eles descem para o
pátio para pegar sol e tomar chimarrão.
“Desde a primeira vez, eles interagiram com os cães
nessa mesma dinâmica. Os usuários que queriam poderiam jogar bola e dar uma
volta na quadra guiando o cachorro. A grande maioria disse que gostou”,
relata a enfermeira residente Niege Lago da Cruz.
Um rapaz de 21 anos era um dos mais próximos de Guapo.
Sempre que tinha oportunidade, acariciava o cão e o mantinha hidratado,
trazendo água para o animal beber.
“Eu crio cachorros desde pequeno. Tenho três
cadelinhas. Amanhã vou ter alta e vou matar a saudade dos meus bichinhos”,
disse o paciente.
Projeto pioneiro no Husm
– Segundo o soldado Brum, a experiência está sendo maravilhosa.
“A recepção que tivemos dos pacientes foi muito boa.
Adoraram a iniciativa de estar com os cães aqui. A maioria se aproximou por
afinidade com o animal. Para quem já tem um em casa, se tornou mais fácil. Com outros,
nós incentivamos a caminhar com o cão, dar água, dar petisco, brincar com a
bolinha. A gente conseguiu tirar bastante sorriso, bastante abraço e bastante
conversa entre nós, os pacientes e a equipe assistencial”, comemora.
Os cães, treinados para busca de pessoas perdidas,
desaparecidas ou embaixo de escombros, têm um perfil mais dócil, por serem
treinados para gostar de estar próximos das pessoas.
“É a primeira vez. Foram vários estudos sobre a
cinoterapia e conversas com a direção do hospital para encaminharmos a proposta
para o Husm. Buscamos estágio fora, em Xanxerê (SC), para conhecer um projeto
feito no hospital de lá. Agora, queremos levar o mesmo projeto para a Apae de
Restinga Seca” – revela Brum.
Texto: Unidade de
Comunicação do Husm
Fotos: Michele Pereira