Uma alteração nas regras para a concessão de bolsas de doutorado sanduíche pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) reduziu em mais da metade o número de discentes da UFSM inscritos no último edital do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE). O Edital Nº 47/2017, cujo extrato foi publicado do Diário Oficial da União em 11 de dezembro de 2017, passa a exigir dos candidatos proficiência linguística mínima. Essa exigência impactou a procura pela bolsa PDSE na UFSM, na avaliação do coordenador de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPGP), Thiago Machado Ardenghi, pois alguns discentes não tiveram tempo hábil para a realização dos testes ou não conseguiram obter a nota mínima exigida pela Capes. Assim, houve uma queda de aproximadamente 56% no número de alunos inscritos para o edital de 2017, em relação ao ano anterior. Esta redução não foi específica de uma determinada área do conhecimento.
No entanto, a diminuição no total de cotas disponíveis que foram utilizadas pelos alunos da UFSM em relação a anos anteriores foi pequena, considerando as exigências de pontuação do edital. Os números homologados pela PRPGP no dia 23 de abril demonstram que 37 dos 38 alunos de 21 programas de pós-graduação (PPGs) que solicitaram bolsa tiveram suas solicitações aprovadas. Dos 348 meses de bolsa disponibilizados pela Capes para a UFSM, foram homologados 304 meses – este índice de aproximadamente 87% das cotas disponíveis é considerado bastante expressivo, levando-se em conta as exigências impostas no edital.
Até o edital anterior, não havia uma exigência formal, por parte da Capes, de teste de proficiência e nem de pontuação mínima nestes testes. “O que estava expresso no edital era a necessidade de uma declaração do coorientador no exterior afirmando que o nível de proficiência em língua estrangeira do aluno era adequado para desenvolver as atividades previstas no plano de estudo. Entretanto, isso não eximia alguns alunos da necessidade de testes de proficiência, visto que algumas instituições do exterior só aceitavam receber esses discentes mediante a comprovação de pontos de cortes mínimos em testes específicos”, explica Ardenghi.
Ele pondera que a necessidade de aprimoramento na língua estrangeira por parte de discentes que desejam realizar doutorado sanduíche é salutar. Entretanto, a política atual de solicitação de tais testes merece algumas considerações, principalmente no que tange ao curto espaço de tempo entre a divulgação da pontuação mínima exigida em cada teste e o prazo para os programas selecionarem seus discentes.
Além disso, como a pontuação exigida foi de nível médio para avançado, muitos alunos não tiveram tempo hábil de se prepararem ou, em caso de não atingirem a pontuação mínima, realizarem um segundo teste em período compatível. Outro ponto considerado por ele foi a falta de uma ampla discussão com toda a comunidade acadêmica a respeito das exigências desses testes, inclusive no que tange à exigência de proficiência em língua inglesa para candidatos que postulavam bolsas para estágio em países lusófonos.
Mesmo com as mudanças, Ardenghi considera que foi alcançada uma boa taxa de homologação das inscrições de alunos da UFSM e, principalmente, de atendimento à oferta de meses pela Capes, sem que tenha sido afetada significantemente a política de envio de alunos para doutorado sanduíche via edital PDSE. “Entendemos que esta nova política e exigência formal de proficiência em língua estrangeira adotada pela Capes deverá ser sedimentada no âmbito da UFSM já para a próxima edição do PDSE, tornando-se uma prática corriqueira a ser seguida e atendida pelos discentes interessados em realizar doutorado sanduíche em Instituições de ensino no exterior”, avalia.
UFSM traça estratégias para um melhor domínio da língua estrangeira por parte de toda a comunidade acadêmica
A necessidade de constante qualificação discente e de estrutura multilíngue, em todos os setores da Universidade, é um dos aspectos vitais para atender às demandas de internacionalização, como, por exemplo, as novas exigências do PDSE. Conforme Ardenghi , este é um dos pontos latentes da política de internacionalização da UFSM, como destacado em seus dois principais documentos norteadores: o Plano de Desenvolvimento Institucional e o Plano Institucional de Internacionalização, ambos aprovados nos Conselhos Superiores da Instituição.
Neste sentido, diversos setores da UFSM vêm traçando estratégias para um melhor domínio da língua estrangeira por parte de toda a comunidade acadêmica. Exemplos são o projeto da PRPGP que prevê a criação do Fundo Institucional de Internacionalização da Pós-Graduação e os diversos cursos em língua estrangeira ofertados pela Secretaria de Apoio Internacional (SAI), entre eles o treinamento em línguas estrangeiras para discentes, docentes e técnico-administrativos da Instituição em Massive Open On-line Courses e o programa Idiomas sem Fronteiras, com a disponibilização de cursos presenciais e a distância para diferentes níveis de conhecimento, nos idiomas inglês, francês, alemão, italiano e espanhol.
Texto: Ricardo Bonfanti