Desinteresse do aluno, repetência, infraestrutura inadequada e problemas socioeconômicos são as principais causas identificadas para a evasão de estudantes nas universidades brasileiras, cujo índice fica em média entre 20% e 30%. Na UFSM, esse índice foi de 15,33% em 2016, não sendo afetado pela adoção do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
Entretanto, ainda não é possível avaliar os efeitos do Sisu em face da adesão recente ao programa. Uma pesquisa apresentada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) demonstra que a troca de processo seletivo pode influenciar em um relativo aumento da taxa de evasão, todavia esse processo tende, com o tempo, à reversão e estabilização.
A UFSM não enfrenta problemas com o preenchimento de vagas via Sisu, graças ao sucesso da chamada oral presencial como instrumento para a confirmação de vaga de candidatos suplentes no processo seletivo. A evasão é um problema que diz respeito a alunos que, após ter conseguido entrar no curso, por algum motivo perdem o interesse ou são forçados a abandoná-lo.
Uma das explicações encontradas para o índice de evasão abaixo da média é a qualidade da assistência estudantil proporcionada pela UFSM, o que inclui a infraestrutura de moradia estudantil e dos Restaurantes Universitários, além dos incentivos proporcionados pelo Benefício Socioeconômico a estudantes oriundos de famílias de baixa renda.
De acordo com dados fornecidos pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), o último pico de evasão enfrentado pela UFSM foi em 2013, quando o índice chegou a 18,69%. Porém, no ano seguinte, baixou quase três pontos percentuais, para 15,79%, tendo praticamente se estabilizado desde então. O pró-reitor adjunto de Graduação, Jerônimo Tybusch explica o índice registrado naquele ano como um reflexo momentâneo do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).
Graças ao Reuni, foram criados vários novos cursos (e também novas vagas em cursos já existentes) na UFSM e em outras instituições federais de ensino superior. O problema é que alguns desses cursos eram pouco conhecidos do público em geral, principalmente no que diz respeito a jovens egressos do ensino médio, que constituem a maioria dos candidatos a ingresso na universidade – antes através do vestibular e agora por meio do Sisu.
Mas o problema não afeta somente os cursos novos. Um dos fatores que mais impactam no índice de evasão está fora da esfera de controle da universidade ou mesmo dos governos em geral. Trata-se da consolidação do mercado de trabalho e da escassez de vagas de emprego em determinadas áreas, situações às vezes momentâneas ou sazonais.
Entre as ações recentes adotadas para combater a evasão na UFSM está a criação da Coordenadoria de Ações Educacionais (Caed). Órgão vinculado ao Gabinete do Reitor, a Caed atua como agente de inovação pedagógica e social em processos relativos ao acesso, permanência e aprendizagem na UFSM. Essa coordenadoria está estruturada em três núcleos: os de Acessibilidade, de Apoio à Aprendizagem e de Ações Afirmativas Sociais, Étnico-Raciais e Indígenas.
Com o objetivo de apresentar os índices de evasão de cada curso de graduação da UFSM e de identificar as suas principais causas em cada um deles, a Prograd iniciou em abril – no Centro de Ciências Rurais – uma série de encontros nas unidades e centros de ensino, nos quais esses dados são apresentados às respectivas diretorias e coordenadores de cursos. Nesta semana, a Prograd apresentou os dados ao Centro de Educação.
Essas reuniões vão servir para identificar o perfil dos alunos evadidos e diagnosticar as suas motivações. Os encontros também servirão de subsídio para ações especiais que serão tomadas a partir do segundo semestre letivo, as quais devem incluir capacitações de professores e servidores técnico-administrativas e abordagens mais diretas aos alunos, como apoio psicológico aos estudantes que se encaixem nesse perfil.
Texto: Lucas Casali