Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da UFSM publicaram nesta sexta-feira (6) um estudo sobre o crânio de um Saturnalia tupiniquim, dinossauro brasileiro descoberto no fim do século passado nos arredores de Santa Maria. O artigo em questão, publicado na revista Plos One, está disponível aqui.
O primeiro estudo sobre o Saturnalia foi publicado há 20 anos, liderado pelo professor Max Langer, da USP, que na época era estudante de doutorado na University of Bristol, Inglaterra. Os ossos do crânio do animal ficaram desconhecidos para a ciência por estarem inseridos nos fragmentos de rocha em que foram encontrados, sendo a preparação tradicional muito arriscada pela fragilidade do material. Agora, porém, o estudo do crânio do Saturnalia se tornou possível graças ao uso de um microtomógrafo instalado no Centro para Documentação da Biodiversidade, no Departamento de Biologia da USP em Ribeirão Preto.
Com o uso da microtomografia computadorizada, os ossos do crânio do Saturnalia foram reconstruídos virtualmente, em modelos 3D. Através deste estudo, os pesquisadores puderam inferir o tamanho da cabeça do dinossauro. Saturnalia possuía um crânio de menos de 10 cm de comprimento, bastante pequeno em relação ao tamanho do animal. Como Saturnalia possuía um pescoço longo, um crânio pequeno e leve daria maior agilidade e mobilidade para movimentos de cabeça e pescoço, podendo ter sido importante para uma maior eficiência na captura de presas como pequenos vertebrados ou insetos.
Análises realizadas no estudo revelaram detalhes adicionais de como foi a evolução da dieta desses animais, cujas formas mais antigas alimentavam-se de pequenas presas, enquanto que as formas mais avançadas começaram a acumular características que ajudaram na aquisição de uma dieta herbívora.
Este dinossauro pertence à linhagem de dinossauros conhecida como Sauropodomorpha. Os representantes mais famosos deste grupo são os pescoçudos saurópodos, os maiores animais terrestres que já habitaram a Terra. Entretanto, diferentemente deles, animais como Saturnalia (de 230 milhões de anos atrás) eram pequenos, com cerca de 1,5 metro de comprimento e pesando menos de 30 kg.
O estudo publicado no periódico científico Plos One foi liderado por Mario Bronzati Filho, pós-doutorando do Departamento de Biologia da USP, e contou com a participação do professor Max Langer, da mesma unidade, e do paleontólogo Rodrigo Temp Müller, do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa) da UFSM.
Cappa – Quem tiver interesse em conhecer os dinossauros da região central do Rio Grande do Sul, assim como outros fósseis, pode visitar o Cappa no município de São João do Polêsine. O centro fica aberto para visitação de segunda a sábado, em horário comercial, e a visita não tem custo. O contato pode ser feito pelo telefone (55) 3269-1022 ou pelo e-mail cappa@ufsm.br.
Texto: Mario Bronzati Filho e Rodrigo Temp Müller
Edição: Lucas Casali