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UFSM apresenta proposta de Polo de Geoturismo e Cultura da região central do RS

Projeto visa integrar os geoparques Quarta Colônia, Caçapava do Sul e Raízes de Pedra



Reunião de apresentação da proposta ocorreu no prédio da Reitoria da UFSM (Foto: Laurent Keller)

Na última sexta-feira (10), a UFSM apresentou, em reunião realizada na Reitoria com a presença de prefeitos da região e do secretário estadual de Turismo, Raphael Ayub, a proposta de criação de um Polo de Geoturismo e Cultura para a área central do Rio Grande do Sul, que incluiria os municípios pertencentes aos geoparques Quarta Colônia, Caçapava do Sul e Raízes de Pedra, além de Santa Maria, Candelária e demais municípios adjacentes. Também participaram do evento o reitor, Luciano Schuch, o pró-reitor de Extensão, Flavi Ferreira Lisboa Filho; o presidente do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus), Clovis Montagner, entre outros.

A ideia central do Polo, que engloba 37 municípios e mais de 700 mil habitantes, é estimular o desenvolvimento do turismo local, de forma que o Produto Interno Bruto (PIB) da região cresça e ajude a manter a população nessa localidade. Tal objetivo se assemelha à finalidade dos geoparques, que são territórios compostos por um ou mais municípios, em que se busca explorar de modo sustentável a região e promover sua expansão econômica, através da geração de renda por meio do que a própria população local produz. Esses ambientes são reconhecidos pela Unesco como espaços de relevância internacional científica, cultural, histórica, geológica, arqueológica, paisagística e paleontológica – estes aspectos devem estar integrados no geoparque, de forma que o turismo seja desenvolvido sustentavelmente.

Em anos anteriores, já haviam sido criadas algumas propostas – que não foram concluídas – de desenvolvimento turístico para a região central do estado, como é o caso da Rota Paleontológica, que envolveria Santa Maria e mais algumas cidades próximas. Agora, o objetivo é retornar ao desenvolvimento dessa rota, em conjunto a outros atrativos turísticos, relacionados, por exemplo, às formações geológicas de Santa Maria, que são reconhecidas pelo Guiness Book como o berço dos dinossauros mais antigos do mundo. Para isso, primeiro é preciso que os Geoparques de Caçapava do Sul e da Quarta Colônia sejam certificados oficialmente. Em seguida, devem ser incorporados a parcerias com esses projetos Santa Maria, Candelária e os municípios incluídos no Geoparque Raízes de Pedra, para então formar a Rota Paleontológica. Por último, demais cidades adjacentes da região central devem ser incorporadas ao Polo de Geoturismo e Cultura.

Até o final de 2020, havia 161 localidades classificadas como Geoparques Mundiais pela Unesco, sendo um deles no Brasil: o Geoparque Araripe. Atualmente existem outras propostas brasileiras a serem aprovadas como geoparques, dentre as quais estão as regiões da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul, ambas no nível aspirante. Junto a elas está o projeto mais recente, que é o Geoparque Raízes de Pedra, que começou a ser desenvolvido há um ano em parceria com a UFSM, enquanto os anteriores vêm sendo trabalhados há 10 anos com ações pontuais, e desde 2019, de forma integrada à Universidade.

Para se tornar um geoparque, é preciso que cada proposta passe por três fases: projeto, quando há somente pequenas iniciativas e articulações da proposta, fase em que está o Raízes de Pedra; aspirante, estágio atual da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul, quando o projeto é enviado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) à Unesco, para que a entidade tome conhecimento da existência e das intenções do projeto; por fim, o geoparque aspirante é avaliado in loco pela Unesco para, posteriormente, ser certificado, ou não, como um Geoparque Mundial.

Essa certificação final serve como um selo de qualidade, segundo a coordenadora de Desenvolvimento Regional e Cidadania da Pró-Reitoria de Extensão da UFSM e coordenadora institucional do Projeto Estratégico Geoparques, Jaciele Sell. ‘’A partir do momento que o município é um geoparque, ele sinaliza ao mundo que ali existe uma estratégia de desenvolvimento sustentável, qualidade de vida e patrimônio conservado. Isso atrai pessoas, gera renda, movimenta a economia local e acaba sendo uma alternativa para locais que têm hoje um baixo índice de desenvolvimento humano e um grande índice de êxodo rural. O Geoparque tem se mostrado, a nível mundial, como uma alternativa para manter as pessoas em seus municípios’’, explica Jaciele.

De acordo com ela, os Geoparques de Caçapava do Sul e da Quarta Colônia devem saber até abril do próximo ano se receberão ou não o selo oficial de geoparque, após assembleia da Unesco. Antes disso, é preciso que os geoparques aspirantes tenham suas avaliações in loco aprovadas, o que deve ser feito em agosto, e posteriormente, consagradas em conferência internacional, que ocorrerá no final de 2022. 

UFSM inaugurou cozinha comunitária em Silveira Martins (Foto: Claudine Friedrich)

Geoparque Quarta Colônia: planos de turismo e cozinha comunitária

O Geoparque Quarta Colônia engloba nove cidades do centro do estado (aproximadamente 62 mil habitantes): Agudo, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Sêca, São João do Polêsine, Silveira Martins e Dona Francisca, onde foi encontrado, recentemente, um fóssil de um grupo que deu origem aos dinossauros, com mais de 237 milhões de anos, tornando-se o registro mais antigo desse grupo de animais na América do Sul. A descoberta foi realizada por paleontólogos do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa) da Quarta Colônia, que, além de desenvolver pesquisas científicas, colabora também com projetos de extensão universitária e funciona para visitas turísticas, sendo esse o principal atrativo do Geoparque Quarta Colônia. Devido à importância do Centro, foi criado um plano de construção de um museu de ciências naturais, vinculado ao Cappa, já que o espaço disponível atualmente para visitação permite que só 10% do material do Centro seja exposto.

Pensando no desenvolvimento regional, na manhã do dia 10, nove planos de turismo municipal e um plano de turismo integrado para as cidades da Quarta Colônia foram assinados, no Cappa, pelo reitor Luciano Schuch (pelo Condesus), o secretário Raphael Ayub (como testemunha) e os prefeitos dos nove municípios pertencentes ao Geoparque (pelo Condesus): prefeitos de Agudo, Luís Henrique Kittel; de Dona Francisca, Olavo José Cassol; de Faxinal do Soturno, Clovis Alberto Montagner; de Ivorá, Saulo Piccinin; de Nova Palma, André Luiz Rossato; de Pinhal Grande, Lucas Michellon; de Restinga Sêca, Paulo Ricardo Salerno; de São João do Polêsine, Matione Sonego; e de Silveira Martins, Fernando Luiz Cordero.

Na mesma manhã, foi inaugurada uma cozinha escola no Espaço Multidisciplinar de Pesquisa e Extensão da UFSM em Silveira Martins, construída para atender às demandas de cursos da instituição, bem como para ações voltadas à comunidade em geral da cidade. A cozinha, que conta com equipamentos novos, adquiridos por meio de um convênio com o Ministério da Cidadania em 2019, deve auxiliar na consolidação do Geoparque, porque nela será desenvolvida a gastronomia local, o que é visto como um atrativo turístico para a Quarta Colônia. 

Fora as atrações turísticas já citadas, a região é marcada pela grande quantidade de festas religiosas que realiza por ano (294), pelas Termas Romanas, por deter uma reserva de biosfera, um corredor ecológico, o Parque Estadual da Quarta Colônia e ainda ter um terço das espécies de aves brasileiras em seu território.

O reitor da UFSM comentou sobre a relevância do Geoparque da Quarta Colônia: ’O que tem maior impacto para a ciência da nossa Universidade sai daqui da Quarta Colônia. E, ao mesmo tempo, é um local em que a gente interage com a comunidade, que a gente consegue trabalhar com escolas, fazer turismo, e dar realmente significado a nossa Universidade. O conhecimento gerado pela UFSM é colocado à disposição da sociedade aqui”.

Geoparque Caçapava do Sul

Dentre os principais atrativos deste Geoparque destacam-se a Cascata do Salso, as Minas do Camaquã, o Forte de Dom Pedro Segundo, a Serra do Segredo e as Pedras da Guarita. Esses dois últimos pontos turísticos são conhecidos por suas rochas sedimentares marinhas e continentais que têm mais de 500 milhões de anos, o que, além de ter grande relevância ecológica, proporciona beleza à paisagem local. Junto a isso, a região é valorosa por possuir, nos sedimentos de seus arroios, fósseis de animais extintos, como as preguiças-gigantes, e espécies vegetais raras e endêmicas do bioma pampa. Para completar o cenário singular da região, Caçapava do Sul ganha notoriedade devido a sua cultura humana diversa, marcada por tradições indígenas, quilombolas e pecuaristas.

Para expor a importância do Geoparque aos representantes municipais da região central do estado e ao secretário estadual de Turismo, o projeto do Geoparque foi apresentado na reunião ocorrida na tarde do dia 10 na Reitoria da UFSM. 

Geoparque Raízes de Pedra

O projeto do Geoparque Raízes de Pedra, formado pelas cidades de São Francisco de Assis, São Vicente do Sul, Nova Esperança do Sul, Jaguari, Mata e São Pedro do Sul, é o mais recente da região central. Começou a ser desenvolvido há um ano, de acordo com Jaciele Sell. Por causa disso, ainda não possui um programa de desenvolvimento tão elaborado quanto os anteriores.

Na matéria produzida pela TV Campus é possível ver encontrar mais informações sobre o evento e a iniciativa.

Texto: Laurent Keller, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Laurent Keller e Claudine Friedrich
Edição: Ricardo Bonfanti

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