Ir para o conteúdo UFSM Ir para o menu UFSM Ir para a busca no portal Ir para o rodapé UFSM
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Prêmio Tese UFSM: entrevista com Joice Aline Freiberg, do CCR

A temática da tese é inédita no Brasil e aborda truficultura no país



Joice Freiberg

Graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade de Passo Fundo e doutora em Ciência do Solo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Joice Freiberg concluiu toda sua educação básica em escola pública. Em 2012 ingressou no curso superior de Tecnologia em Produção de Grãos, que conciliou por um ano e meio com o curso de biologia. Em 2015, realizou o estágio curricular no laboratório de Biologia do Solo e Ambiente, na UFSM e, na sequência, ingressou no mestrado em Ciência do Solo.

Em 2017 deu início ao doutorado, dando continuidade às pesquisas na área de insumos biológicos à agricultura. Em 2019, participou do programa para jovens cientistas da IUFRO-EFI (International Union of Forest Research Organizations – European Forest Institute). Atualmente é supervisora das ações de Promoção Social do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, SENAR-RS, na região da fronteira do Rio Grande do Sul e pós-doutoranda voluntária no Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo da UFSM. 

Joice é natural de Ibirubá-RS e filha de agricultores, “meus pais são meu maior tesouro e é na casa deles que busco encontrar minha família e aproveitar as coisas simples da vida no interior, como o café com leite, o pão de milho, a cuca de requeijão, o almoço em família, a pescaria, a colheita, o sossego na varanda e o anúncio de um novo dia com o canto dos pássaros (e das galinhas),” destaca. Ela conta, também, que é por meio da natureza – árvores, flores, animais – que se aproxima e se conecta com o seu interior. 

Com sua tese intitulada “Potential of truffles in pecan and edible ectomycorrhizal fungi in forestry plantations”, em português “Potencial de trufas em nogueira-pecã e fungos ectomicorrízicos comestíveis em plantações florestais”, defendida em 2022 (sob a orientação da professora Zaida Inês Antoniolli), Joice recebeu a indicação à primeira edição do Prêmio Tese UFSM 2023, representando o Centro de Ciências Rurais (CCR).

A Agência de Notícias, vinculada à Coordenadoria de Comunicação Social da UFSM, conversou com Joice para saber um pouco mais sobre a pesquisa:

Você poderia explicar a sua tese e como surgiu o tema de pesquisa?

A tese compreende três estudos. O primeiro aborda a possibilidade de obtenção de mudas de nogueira-pecã micorrizadas – mudas que possuem algum tipo de associação de fungos em suas raízes – com trufas europeias (Tuber aestivum e T. brumale), em condições subtropicais brasileiras. No segundo estudo, reunimos saberes sobre a composição nutricional e o perfil aromático da trufa Sapucay (T.  floridanum), bem como aspectos ecológicos relacionados aos pomares de nogueira-pecã, tais como a predação das trufas (micofagia) pela fauna e as propriedades físicas e químicas do solo. No terceiro estudo, abordamos o potencial dos fungos ectomicorrízicos (que possuem como  característica a formação do manto, a rede de Hartig e o micélio extrarradicular) comestíveis no Brasil e destacamos, com base na concentração de metais, a segurança no consumo de um desses cogumelos (Lactarius quieticolor).  

A escolha do tema é decorrente da descoberta de verdadeiras trufas em pomares de nogueira-pecã do Rio Grande do Sul, em 2016, a qual despertou questionamentos e o interesse na pesquisa por trufas e fungos ectomicorrízicos comestíveis.   

Como foi o processo de produção e qual a maior dificuldade enfrentada?

O processo de produção envolveu a execução e o replanejamento do projeto de pesquisa, devido às dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19. Para o desenvolvimento das pesquisas, contamos com o apoio de uma rede de colaboração: orientadora, professores, acadêmicos de iniciação científica, pós-graduandos, produtores rurais e pesquisadores de instituições nacionais e internacionais. Destaco a importante colaboração de Tine Grebenc, pesquisador do Instituto Florestal Esloveno, que nos auxiliou em todo o processo de produção da tese e que oportunizou a visita científica no instituto, em 2019. A tese é resultado de muitas horas dedicadas à execução das atividades laboratoriais, às coletas nos pomares de nogueira-pecã e fragmentos florestais, assim como na redação dos manuscritos.  

A pandemia de Covid-19 foi a maior dificuldade enfrentada no processo, pois impediu a realização de uma capacitação e o doutorado sanduíche com bolsa CAPES-PrInt, assim como a execução de dois estudos planejados no projeto de pesquisa. Além disso, a pandemia impediu a realização de dois dos três estudos planejados no projeto de pesquisa, sendo um relacionado à invasão biológica de trufas e outro sobre a comunidade de fungos ectomicorrízicos em pomares de nogueira-pecã. Estes estudos compreendem análises laboratoriais mais complexas e dispendiosas, que seriam realizadas em parceria com as instituições estrangeiras. Diante desse impedimento e das restrições orçamentárias para a execução das análises no Brasil, replanejamos as pesquisas e incluímos o estudo sobre a trufa Sapucay e os fungos ectomicorrízicos comestíveis para compor a tese.  

Ao que você credita a escolha da sua tese para representar o centro?

Credito a escolha da tese para representar o Centro ao ineditismo e à integração de diferentes áreas das Ciências Agrárias. A temática da tese é inédita ao abordar os conhecimentos da truficultura (cultivo de trufas) no Brasil e desenvolver os estudos com o apoio de diferentes departamentos da universidade como o Departamento de Solos, Departamento de Ciência e Tecnologia dos Alimentos, o Departamento de Química e o Colégio Politécnico. 

O que concorrer ao prêmio representa para você e qual a importância que você vê em premiações como essa?

Concorrer ao prêmio representa um grande reconhecimento da dedicação à ciência. É um sentimento de felicidade e gratidão à trajetória de aprendizados, dificuldades e conquistas vivenciados durante a pós-graduação. A tese representa parte de uma história que escrevemos cientificamente durante o doutorado. Portanto, considero que o prêmio de Tese UFSM poderá aproximar a ciência das pessoas, permitindo que a comunidade identifique a importância da ciência e valorize o conhecimento produzido na universidade pública. 

Texto: Gabriela Leandro, estudante de Jornalismo e voluntária da Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques, jornalista
Arte gráfica: Daniel Michelon De Carli

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-1-64122

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes