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Prêmio Tese UFSM: entrevista com Mailine Gehrcke, do CCS

A tese de autoria de Mailine gerou dois artigos científicos de alto impacto e um capítulo de livro internacional



Mailine Gehrcke

Graduada em Farmácia, mestre e doutora em Ciências Farmacêuticas pela UFSM, especialista em Oncologia pela Universidade Franciscana, Mailine Gehrcke percorreu todo o ensino na rede pública. Em 2013 ingressou como bolsista de iniciação científica no LabTec Nano – Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, localizado na UFSM, anexo ao Centro de Ciências da Saúde (CCS), onde auxiliou em pesquisas de mestrado e doutorado. Em agosto de 2014 se formou e ingressou no mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, realizando pesquisa no LabTec Nano. Finalizou o mestrado em 2016. Tendo em vista o grande interesse pela pesquisa e pela docência, em 2018 iniciou o doutorado no mesmo programa e núcleo de pesquisa. Concluiu a pesquisa em 2022 e realizou a defesa de doutorado.

Além da pesquisa e academia, Mailine comenta que sempre teve muito interesse pela área farmacêutica, especialmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente é farmacêutica na Prefeitura de Santa Maria, atuando na assistência farmacêutica do município.

Com sua tese intitulada “Filmes de polissacarídeos naturais para a veiculação cutânea de nanocápsulas de silibinina no tratamento da dermatite atópica”, defendida em 2022 (sob a orientação da professora Leticia Cruz), Mailine recebeu a indicação à primeira edição do Prêmio Tese UFSM 2023, representando o Centro de Ciências da Saúde (CCS).

A Agência de Notícias, vinculada à Coordenadoria de Comunicação Social da UFSM, conversou com Mailine para saber um pouco mais sobre a pesquisa:

Você poderia explicar a sua tese e como surgiu o tema de pesquisa?

A minha pesquisa objetivou o desenvolvimento de filmes de polissacarídeos naturais contendo nanocápsulas de silibinina, um flavonoide, principal composto que possui ação terapêutico do extrato de silimarina (extraído da planta silybum marianum ou cardo-leiteiro), como uma abordagem inovadora para o tratamento da dermatite atópica. Assim, eu desenvolvi filmes de goma gelana e de goma gelana e pullulan (polissarideos naturais que possuem propriedades de aumentar a viscosidade de preparações, gelificantes e formadoras de filmes) onde este último demonstrou (através de um estudo pré-clínico) resultados promissores para o tratamento desta doença, combinando os efeitos de proteção, hidratação e regeneração cutânea, proporcionados pelos polissacarídeos, com efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, proporcionados pela silibinina e potencializados pela nanoencapsulação.

Desde o mestrado eu vinha pesquisando as potencialidades da nanoencapsulação de substâncias ativas naturais, e no doutorado eu planejei pesquisar estas potencialidades voltadas para o tratamento de desordens cutâneas. A escolha por trabalhar com a nanoencapsulação da silibinina partiu de resultados promissores demonstrados em trabalhos prévios do nosso núcleo de pesquisa, onde foi demonstrada a ação deste flavonoide em doenças inflamatórias cutâneas. Assim, eu busquei desenvolver uma nova forma farmacêutica para a administração de nanocápsulas de silibinina, os filmes poliméricos, utilizando polissacarídeos naturais, e a partir dos resultados in vitro observados foi verificado que esta nova abordagem poderia ser benéfica para tratar a dermatite atópica, uma condição patológica da pele muito desafiadora de tratar. Diante disso, realizamos um estudo pré-clínico em parceria com a Universidade Federal de Pelotas para validar a nossa hipótese.

Como foi o processo de produção e qual a maior dificuldade enfrentada?

Trabalhar com o desenvolvimento de formulações é sempre desafiador, e com os filmes poliméricos não poderia ser diferente. Foram necessárias dezenas de testes para enfim chegar na formulação final. Assim, os primeiros dois anos de doutorado foram focados na incorporação das nanocápsulas de silibinina em filmes de goma gelana, resultando na primeira publicação científica do doutorado em uma revista internacional. Na sequência, buscou-se aprimorar as características do filme de goma gelana pela adição de uma segunda camada polimérica composta por pullulan. Estes filmes bicamada demonstraram muitos efeitos benéficos para tratar doenças da pele e foram então escolhidos para a realização de um estudo in vivo, onde foi induzida uma condição semelhante à dermatite atópica em animais para verificar os efeitos da formulação desenvolvida em atenuar os sintomas e reduzir a inflamação e danos oxidativos cutâneos. Estes resultados foram também publicados em uma revista internacional, com alto impacto para a área da farmácia. Além disso, no decorrer da realização da minha tese, a minha orientadora e eu recebemos um convite para redigir um capítulo de livro sobre o uso de nanocarreadores para tratar a dermatite atópica, o qual fará parte do livro “Novel Nanocarriers For Skin Diseases: Advances and Applications”, a ser publicado pela Apple Academic Press.

A maior dificuldade com certeza foi a pandemia de Covid-19. Com a necessidade do isolamento social, muita coisa precisou ser adiada e muitos dos processos precisaram ser adaptados.

Ao que você credita a escolha da sua tese para representar o centro?

Acredito que houve três fatores. O primeiro está relacionado às publicações oriundas da minha tese (dois artigos científicos de alto impacto e um capítulo de livro internacional). Em segundo, a inovação da pesquisa, na qual desenvolvi uma nova abordagem terapêutica para o tratamento da dermatite atópica, uma condição patológica da pele que acomete milhares de pessoas no mundo e que muitas vezes requer a utilização de múltiplas terapias. A nova abordagem desenvolvida por mim reuniu efeitos anti-inflamatório, antioxidante, hidratante e de barreira protetora da pele em uma só formulação. E em terceiro, o impacto oriundo dos resultados, os quais abrem portas para novas investigações e realização de estudos clínicos, para futuramente beneficiar as milhares de pessoas acometidas por esta doença.

O que concorrer ao prêmio representa para você e qual a importância que você vê em premiações como essa?

Concorrer ao prêmio representa um reconhecimento em nível institucional e a consagração de que a minha pesquisa conseguiu atingir as suas finalidades: inovação e impacto social.

Premiações como esta têm o poder de mostrar para a população e órgãos públicos a importância do investimento em pesquisas. Além disso, é um estímulo para os jovens pesquisadores, pois muitas vezes a carreira acadêmica é bastante difícil e árdua, e ter este reconhecimento em nível institucional é uma forma de motivação para a continuação da carreira científica e de recompensa por todo esforço envolvido.

Texto: Gabriela Leandro, estudante de Jornalismo e voluntária da Agência de Notícias
Edição: Lucas Casali, jornalista
Arte gráfica: Daniel Michelon De Carli

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