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UFSM e Fiocruz seguem estudos relacionados às variantes do coronavírus

Pesquisas conduzidas pelas instituições mostram a mudança na prevalência e impactos causados pelas variantes Gamma e Omicron durante a pandemia



Quase quatro anos após o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, a UFSM e a Fundação Oswaldo Cruz seguem somando esforços no sentido de entender o impacto das linhagens do vírus causador da doença, o SARS-CoV-2, no interior do Rio Grande do Sul e suas rotas de transmissão – um conhecimento que será útil para antecipar e aplicar medidas de contenção viral em futuros surtos.

Mesmo numa época em que os índices relacionados ao coronavírus registram uma queda acentuada, os estudos com o SARS-CoV-2 continuam sendo altamente relevantes, pois as linhagens novas, capazes de infectar e reinfectar a população, continuam a surgir. É crucial manter a vigilância para poder acompanhar essa evolução e poder também atualizar as vacinas com as linhagens que emergiram recentemente.

O alerta é do pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz – Instituto Aggeu Magalhães, também conhecida como Fiocruz Pernambuco, Gabriel Wallau. “Agora estamos dando continuidade às análises para investigar a existência de padrões de transmissão viral entre o Rio Grande do Sul e outros estados e países fronteiriços, bem como entre cidades das regiões Central e Noroeste do RS, regiões pouco ou não investigadas em estudos anteriores”, explica o pesquisador, que é egresso da UFSM.

Brasil teve pelo menos três grandes ondas epidêmicas

Segundo Wallau, os agentes que causam doenças, como vírus e bactérias, estão constantemente sofrendo mudanças genéticas. Trata-se de um processo normal que, na maioria das vezes, resulta em pouca ou nenhuma alteração na capacidade patogênica desses agentes. Algumas modificações genéticas, entretanto, podem alterar a capacidade desses agentes em se espalhar ou em modificar os sintomas da doença que ele causa, tornando-os mais ou menos patogênicos ou fatais. Os “tipos” novos de vírus que surgem por variações genéticas são chamados de linhagens. Em uma pandemia como a da Covid-19, a quantidade de vírus se reproduzindo na população humana é muito alta. Assim, o número de novas linhagens tende também a ser maior. Como consequência, no decorrer da pandemia, quando os números de casos começam a cair, pode ocorrer o surgimento de uma nova variante e os números de casos retornam a aumentar. Estes fenômenos de aumento de casos associado a uma nova variante são chamados de “ondas epidêmicas”.

Ao longo da pandemia da Covid-19 o Brasil passou por pelo menos três grandes ondas epidêmicas: a primeira relacionada à entrada e espalhamento das linhagens originais importadas de outros países; a segunda, da linhagem Gamma, originada no país e primeiramente detectada no estado do Amazonas; seguida da onda de casos relacionada à linhagem Omicron, identificada pela primeira vez na África do Sul e que chegou ao Brasil no início de 2022.

O desenvolvimento e popularização da tecnologia de sequenciamento de DNA, que permite ler diretamente no material genético, faz com que hoje se possa comparar o material genético dos vírus que estão se multiplicando em uma população e detectar o surgimento de novas linhagens. A este processo de acompanhamento da evolução das linhagens chama-se de “vigilância genômica”. No caso da Covid-19, a vigilância genômica no Estado foi e continua a ser conduzida por diferentes instituições ao longo da pandemia, cada uma contribuindo para um melhor entendimento das linhagens virais de SARS-CoV-2 circulantes e seu impacto na população, como forma de guiar as medidas de prevenção.

Parceria permitiu pesquisa no interior do RS

O maior esforço de amostragem viral se dá em regiões metropolitanas, mais populosas, e por consequência há uma limitada representatividade de informações nas regiões menos populosas, como no interior gaúcho. Foi pensando em mitigar esse viés que pesquisadores da UFSM e a Rede Genômica Fiocruz estabeleceram uma parceria para realizar a vigilância genômica do SARS-CoV-2 nas regiões de Santa Maria e Palmeira das Missões.

Neste contexto, foram sequenciados e submetidos ao banco de dados internacional de vigilância genômica 772 genomas do vírus, de pelo menos cinco linhagens predominantes (B.1.1.28, P.1 – Gamma, P.2 – Zeta, AY – Delta e BA – Omicron), a partir de amostras provenientes de 96 cidades do Centro e Noroeste do estado. De Palmeira das Missões, 31 genomas de SARS-CoV-2 foram sequenciados, sendo 11 da variante Omicron, 19 da Gamma e 1 da linhagem XAG. De Santa Maria, 67 genomas de pacientes foram sequenciados, sendo 25 da variante Omicron, 38 da Gamma e 2 da Delta (confira na arte acima).

As comparações entre as linhagens Gamma e Omicron indicam uma clara mudança de comportamento epidemiológico, onde a linhagem Gamma foi associada com uma das maiores taxas de mortalidade na região, enquanto a entrada e espalhamento da linhagem Omicron gerou a maior onda de casos, porém com reduzida mortalidade comparativa”, explica o pesquisador. Esse resultado revelou que o nível de vacinação da população, que teve início em janeiro de 2021 para grupos prioritários, mas que só atingiu 90% da população adulta no final de 2021, foi o principal determinante para a redução no número de casos fatais frente o espalhamento da linhagem Omicron, que é a mais infecciosa do vírus SARS-CoV-2 caracterizada até o momento.

Estes resultados da vigilância genômica reforçam a importância no investimento continuado no monitoramento de patógenos respiratórios que impactam a população gaúcha. As dores e perdas deixadas pela pandemia devem ser acompanhadas pela lição de que temos de buscar estar sempre preparados para novas emergências sanitárias. A vigilância genômica pode ser uma grande aliada na busca e planejamento das medidas de contenção e de prevenção a novas epidemias e pandemias”, salienta Wallau.

foto colorida horizontal com um grupo de homens e mulheres em um laboratório, com janelas pintadas de azul, todos de jaleco branco e usando máscaras
Equipe do Campus de Palmeira das Missões

Dois campi da UFSM estão envolvidos nos estudos

Da UFSM, participam deste trabalho em parceria com a Fiocruz pesquisadores e estudantes dos campi de Santa Maria e Palmeira das Missões. Do Campus Sede, participam equipes do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular e do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva. Já a UFSM-PM está representada por professores do Departamento de Ciências da Saúde e do Departamento de Zootecnia e Ciências Biológicas.

Foto: Arquivo 
Artes: Daniel Michelon De Carli

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