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UFSM em Dança: espetáculos celebram a arte e as brasilidades

Espetáculos de danças populares e dança contemporânea encantaram o público no Centro de Convenções



O frevo esteve entre as danças apresentadas em “Isso é Brasil”

Em 29 de abril, é celebrado o Dia Internacional da Dança. A data foi instituída em 1982 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Para celebrá-la, os cursos de Dança (bacharelado e licenciatura) promoveram a mostra “UFSM em dança”, no Centro de Convenções, na noite de terça-feira (29). Com ingressos gratuitos, a mostra foi constituída por dois espetáculos: “Isso é Brasil”, do Programa de Extensão Mojubá – Danças Populares Brasileiras, e “Amordor”, do Programa de Extensão e Laboratório de Pesquisa Kháos Cia de Dança.

A celebração da arte exatamente no Dia Internacional da Dança foi possível graças a uma parceria criada desde o ano passado. “Nós estamos empreitando para ocupar outros lugares da universidade. Às vezes tem pessoas que nem sabem que tem a graduação em Dança. Então foi uma prática que nós levamos pra todas as pró-reitorias, de extensão, acadêmica, da graduação, para que pudessem nos reconhecer e realmente legitimar esses espaços. Foi a partir disso que começou esse romance, esse namoro que deu resultado hoje, dia 29”, explica o professor Jessé da Cruz, coordenador do Grupo Mojubá. Ele também reiterou a importância da união entre os cursos de licenciatura e bacharelado em Dança, que agora fazem parte do mesmo centro, o Centro de Artes e Letras (CAL).

Isso é Brasil – O evento abriu com a apresentação de “Isso é Brasil”, do Mojubá, sob direção de Jessé da Cruz. De classificação livre para todas os públicos, a obra teve sua estreia oficial no palco do Centro de Convenções, e abordou as danças populares brasileiras: xaxado, frevo, danças dos orixás (Yemanjá e Oxóssi) e finalizou com maracatu rural.

O público de Santa Maria é “transportado” ao Nordeste durante apresentação de maracatu

O espetáculo esbanjou nas cores, na decoração e no figurino. “‘Isso é Brasil’ é cor, né? É energia brasileira. Mas, principalmente, ‘Isso é Brasil’ é reconhecer a diferença das estéticas, a diferença das cores de pele, dos cabelos. E os códigos, né? Que são símbolos das culturas populares”, diz Jessé. O diretor da obra conta que esse foi o segundo espetáculo de uma trilogia desenvolvida pelo Mojubá. No ano passado, foi “Danças Populares no Coração do Rio Grande”. Neste ano, apresentaram “Isso é Brasil”, e no ano que vem será “Féstividades”. E Jessé já adianta sobre o espetáculo de 2026: “vai trazer danças que são da rua, que são festivas também, mas sempre nesse lugar de olhar com sensibilidade”.

Fran de Freitas Machado cursa o 3° semestre da Licenciatura em Dança, e foi uma das dançarinas do Grupo Mojubá. “É uma sensação muito gratificante, porque a gente ensaiou bastante, e parece que agora finalmente a gente conseguiu botar tudo no palco e dar tudo de nós”, afirma Fran, que teve como espectadoras presentes na plateia a sua mãe e a sua avó. A mãe, Jaqueline de Freitas, frisa o encantamento que sentiu ao assistir à filha, e a avó Jalva de Freitas complementa: “eu fico até emocionada, sabe? Sempre é demais”.

Júlia Emilly Passos Roncai está no último semestre da licenciatura, e faz parte do Mojubá desde o início do projeto. “É incrível ver a evolução da gente enquanto coletivo. Porque não é fácil trabalhar em grupo, a gente sabe. É muito lindo ainda mais com Dança Populares Brasileiras. Eu sinto que era o que faltava aqui, para nossa região, que a gente não vê”, conta a dançarina. Ela também comenta que vários participantes do grupo não conheciam o Centro de Convenções, o que deixou a apresentação ainda mais mágica.

“Cangaceiros” interagem com a plateia do Centro de Convenções

A aluna Eloisa Hahn, do 1° semestre de Desenho Industrial, é de Itapiranga, interior de Santa Catarina. Ela descobriu o evento por meio do Instagram e diz ter ficado impressionada. “É a primeira vez que eu vi uma apresentação de dança num palco tão estruturado, um grupo tão bem preparado também. E com músicas nacionais, né? Assim, foi um show.”

Muito elogiados pela plateia por conta das cores vibrantes e modelos chamativos, os figurinos foram, de acordo com Jessé, concebidos durante todo o ano passado e alguns deles foram obtidos através parcerias. Por meio de uma delas (entre o Mojubá e um grupo de pesquisa de Pernambuco), o projeto da UFSM ganhou de presente as roupas dos caboclos de lança.

“Mas todos os adereços, cabeças, todo o indumentário é costurado e feito pelos estudantes. Nós estamos já começando a construir o figurino do ano que vem. Para quem veio assistir só os quase 40 minutos do espetáculo, não entende que isso é um trabalho de um ano antes. Não é só colocar e dançar. Quando eles dançam, lembram que nós passamos horas e horas com papelão, TNT [fibra conhecida como ‘tecido não tecido’], EVA [espuma vinílica acetinada], búzios, produzindo e construindo. E eu acho, na verdade, que as pessoas ficam encantadas com a cor porque elas reconhecem que nós somos brasileiros e brasileiras”, acrescenta o professor.

O espetáculo “Amordor” é inspirado na obra de Maria Bethânia

O Mojubá é feito a partir do coletivo. A maioria dos integrantes é do curso de Dança, mas outros não são nem mesmo estudantes da UFSM. “Isso que é o bacana do nosso programa. A gente consegue chegar em outras camadas que às vezes a universidade não chega por diferentes problemáticas”, diz Jessé. Eles criaram pequenas ilhas de pessoas, para que pudessem aprender a produzir um espetáculo, pois no grupo, há – por exemplo – uma equipe de figurino, uma de maquiagem e uma de trilha sonora. Tem também quem aprende a fazer a iluminação, com o auxílio de egressos.

Amordor – O segundo espetáculo, que fechou a mostra, foi “Amordor”, da Kháos Cia de Dança, sob direção geral e coreográfica do professor Daniel Aires. “Amordor” estreou no ano passado, em dezembro, no Espaço Cultural Victorio Faccin. A obra, de dança contemporânea e classificação indicativa para maiores de 16 anos, é composta por três partes em continuidade: “Os dispostos se atraem”, “Enlace” e “Navegação”. A ideia surgiu primeiro com duos, a partir de um desejo pessoal de Daniel em investigar a poética de Maria Bethânia: sua discografia, textos, leituras e declamações.

“Isso me atravessava muito e nós começamos a trabalhar com algumas músicas dela, mas a gente não queria produzir nada que fosse algo parecido com um tributo a ela. Discutindo muito, nós chegamos à síntese ‘Amordor’, dessa inseparabilidade dessas duas coisas. E, a partir disso, a gente reabre para outras músicas, sons e trilhas, que pudessem costurar algumas nuances dos imaginários sobre o amor: tipos de relações, casamentos, descasamentos, traições, puladas de cerca, casos extraconjugais, relacionamentos abertos, e todas colocadas em camadas durante a montagem”, destrincha o professor, sobre o processo criativo e a poética do espetáculo.

Em “Amordor”, os bailarinos expressam, por meio da dança contemporânea, as angústias dos relacionamentos que o seu diretor qualifica como “cult”

Para Daniel, “Amordor” é um espetáculo de dança de deixar arder e de deixar se atravessar por sensações. Seja pela trilha sonora, pelos sons, ou pelas situações que estão ali dançadas, alguma porta o espectador encontra para se relacionar com aquilo. “E esse feedback é muito interessante, inclusive, de algumas pessoas que se emocionam, outras que ficam desgostosas, com alguma lembrança de algo. A gente tem, pós-espetáculo, relacionamentos iniciando, outros se desfazendo, muito nesse fluxo que é o das relações e da vida, questionando esses relacionamentos que estou chamando de ‘relacionamentos cult’. Eles seriam mais frios, em que é ‘cult’ não demonstrar interesse, não é ‘cult’ ser emocionado”, explica Daniel, que não só coordena a apresentação, como também participa dela no palco.

Alice Duarte cursa Licenciatura em Dança e já participava da obra desde quando ainda era em duos. “Quando a gente vê, tem algo incrível que, antes, era só uma folha em branco e agora se transformou em uma baita arte, sabe? O processo é desafiador, mas ele é muito compensador também”, conta a bailarina sobre o trabalho em volta do projeto, especialmente nessa nova composição de apresentação. Ela comenta também sobre improvisos no palco e a alegria de se apresentar na universidade: “É um prazer, é uma honra representar os dois cursos e ainda mais dentro do UFSM. Foi maravilhoso, apesar de que, por exemplo, o meu figurino, não fechou até o final e eu dancei o espetáculo inteiro, assim, com um figurino quase caindo do meu corpo. Só pensava ‘não, eu não vou desmanchar, vou seguir porque preciso representar os bailarinos como artista e mostrar que a nossa universidade é de qualidade’”, conta Alice.

Casamentos, traições e “descasamentos” estão entre os temas de “Amordor”

Robson Santiago da Cruz também participa do Grupo Kháos e é licenciado em dança desde o ano passado. “O nosso diretor dirige, coreografa, monta cenas, mas a gente é intérprete criador dentro das coreografias que a gente participa e também teve o desafio de que, nesse ano, tínhamos horários diferentes. Em 2024, a gente ensaiava pela manhã, três dias, e esse ano os horários não batiam. Foram poucas as vezes que conseguimos passar tudo junto e, apesar dessas dificuldades, essa foi a vez mais intensa e mais vibrante. A melhor para mim nesse sentido”, afirma o egresso da UFSM, quanto aos percalços até o dia da apresentação.

Mas o palco do Centro de Convenções era mais um desafio. Isso porque o trabalho foi pensado para ser mais intimista, apresentado na sala em que o Kháos ensaia. Eles conseguiram recortar o espaço, de forma que não prejudicasse essa adaptação. “A gente tinha esse receio de, como é um palco muito grande, as coisas de expressão ou de interação não fossem ficar tão visíveis, e aí talvez o trabalho perdesse um pouco dessa força expressiva. Mas acho que não aconteceu isso. Justamente, essa foi a vez que a gente mais se empolgou. Talvez porque a risada tinha que ser berrando, a palma tinha que doer a mão. Isso fez a gente botar muito para fora e se entregar. Acho que foi a vez mais incrível”, comenta Robson.

Mariana Raguzzoni ficou sabendo da mostra por meio de uma amiga que cursa Desenho Industrial com ela, e que também faz parte do grupo Kháos. “Eu nunca tinha assistido um espetáculo de dança contemporânea, foi a primeira vez que eu estou vendo e foi tão bonito. Eu conseguia ver a história só pelas músicas e como eles se expressavam e toda a emoção que eles passavam. Achei muito tocante, estou louca para ver vários”, afirma Mariana. A amiga, Izabella Rabaioli, conta que viu os ensaios, então já conhecia a obra, mas explica as suas percepções do espetáculo em espaços distintos. “A experiência que eu tive da primeira vez foi bem diferente, era num lugar bem menor, que é mais a proposta deles, na verdade. Acho que quando é mais intimista, tu se conecta mais com a história, porque na verdade não tem bem um enredo, são várias nuances do que é o amor, do que é a dor. E, tem essas variações, que é o legal: partes que são mais relaxadas, mais calmas, tem partes que são totalmente intensas. Eu acho bem legal”, acrescenta Izabella.

Texto: Marina Brignol, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias

Fotos: Paulo Baraúna, estudante de Desenho Industrial e bolsista da Agência de Notícias

Edição: Lucas Casali

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