
O Congresso Brasileiro sobre Catástrofes Climáticas (ConBrasCC) começou nesta quinta-feira (29) no Centro de Convenções da UFSM, com discussões voltadas aos impactos, desafios e perspectivas dos serviços de saúde diante de enchentes e desmoronamentos. O evento promovido pela UFSM e pelo Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), reúne especialistas para discutir os desafios e as estratégias de gestão em situações de crise climática. A programação da tarde de quinta destacou os efeitos das mudanças ambientais e os impactos sanitários, sociais e jurídicos das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul.
Gilvan Sampaio de Oliveira, pesquisador e coordenador-geral de Ciências da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), conduziu a conferência das 16h sobre os efeitos, causas e consequências das mudanças climáticas e ambientais. Em sua fala, ele apresentou o trabalho realizado pelo instituto no desenvolvimento de modelos climáticos capazes de prever, com até três meses de antecedência, variáveis como volume de chuvas e temperatura.

Segundo o pesquisador, os dados são públicos e acessíveis a qualquer cidadão. Ele ressaltou a importância de utilizar essas informações de forma estratégica para prevenir desastres. “A mudança do clima não é uma questão de crença. A ciência comprova essa realidade. Temos informações de qualidade para mitigar os efeitos das catástrofes, mas elas precisam ser usadas e amplamente divulgadas”, afirmou.
Impactos sanitários, sociais e jurídicos
Na sequência, a mesa-redonda “Impactos sanitários, sociais e jurídicos na população afetada pelas enchentes no RS” reuniu especialistas para analisar, sob diferentes perspectivas, as consequências da crise climática enfrentada no estado. Representando a área da saúde, o pesquisador da Fiocruz (RJ) Diego Ricardo Xavier explicou como o sistema público se organiza para responder às demandas geradas por desastres ambientais, destacando a importância de uma vigilância em saúde preparada para lidar com os efeitos diretos e indiretos desses eventos.
O secretário do Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul, Roberto Fantinel, apresentou os programas voltados à população atingida pelas enchentes e reforçou a necessidade de políticas públicas estruturais para os grupos mais vulneráveis. “Quem tem menos são os que mais perdem com os eventos climáticos. A gente está falando de um problema social que se maximiza com os desastres. Precisamos desenvolver políticas públicas para atender essa população”, afirmou.
A professora Francielle Benini Agne Tybusch, docente da UFSM, abordou a perspectiva jurídica ao tratar do chamado Direito dos Desastres. Segundo ela, o colapso das estruturas governamentais e não governamentais diante das catástrofes está relacionado à ausência de investimentos em prevenção, fiscalização e manutenção. “O Direito dos Desastres precisa ser pensado em períodos de normalidade, para então ser aplicado em tempos de desastres”, pontuou.
Congresso segue até sábado (31)
O evento também reúne profissionais de outras regiões do país. Para o psicólogo organizacional Henrique do Nascimento Ricardo, do Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Carlos (SP), a realização do congresso reflete a urgência do tema. “O tema do congresso é extremamente pertinente e foi escolhido em um momento crucial, já que o episódio das enchentes ainda é recente. Isso reforça a necessidade de falarmos sobre o assunto e pensarmos em melhorias concretas”, avaliou.
O congresso segue até sábado (31), com uma programação que inclui apresentação de trabalhos, conferências e cursos voltados para a temática do evento. Toda a renda obtida com as inscrições será revertida ao Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul, como ação solidária frente à emergência vivida no estado.
Texto: Camila Londero, estudante de Jornalismo e estagiária da Agência de Notícias
Fotos: Vinícius Maeda, estudante de Jornalismo e estagiário da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista