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UFSM dá início à recuperação ambiental da Sanga Lagoão do Ouro

Técnicas de engenharia natural e cooperação entre laboratórios marcam ação sustentável no campus sede



Se você passou recentemente pelo Prédio 26 do Centro de Ciências da Saúde da UFSM, talvez tenha notado máquinas em operação, equipes trabalhando no solo e uma movimentação diferente às margens do curso d’água que corta o campus. Essa movimentação tem um motivo: a Sanga Lagoão do Ouro está passando por uma importante obra de recuperação ambiental.

Mapa da área de intervenção na Sanga Lagoão do Ouro

A intervenção faz parte de um projeto que utiliza técnicas sustentáveis de engenharia natural para conter a erosão, recuperando as margens com vegetação nativa e materiais locais.

A execução da obra de recuperação ambiental da Sanga Lagoão do Ouro está sendo conduzida pelo Setor de Planejamento Ambiental da Pró-Reitoria de Infraestrutura (PROINFRA). O projeto técnico foi elaborado pelo Laboratório de Engenharia Natural (LabEn), do Departamento de Ciências Florestais, a partir de uma demanda da própria PROINFRA.

A iniciativa integra as exigências para a renovação da Licença de Operação Ambiental da Universidade, emitida pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). A proposta foi pensada para atender às exigências legais e, ao mesmo tempo, promover uma solução sustentável para a recuperação da sanga.

A pesquisadora Rita Sousa, do LabEn, explica detalhes da obra de recuperação da Sanga Lagoão do Ouro (Foto: Sofhia Krening)

De acordo com Rita Sousa, engenheira biofísica e pesquisadora de pós-doutorado no LabEn, o processo de elaboração do projeto percorreu diferentes etapas até chegar à obra atual. “Começamos com o projeto conceitual, etapa em que fizemos visitas à sanga para identificar os trechos mais afetados pela erosão. Depois, com o apoio do Departamento de Engenharia Rural, realizamos o levantamento topográfico da área. A partir dessas informações, elaboramos o projeto básico, definindo quais técnicas de engenharia natural seriam aplicadas em cada ponto. Por fim, desenvolvemos o projeto executivo, que serve como base para a licitação da obra”, explica.

Rita destaca que a recuperação da sanga envolve mais do que aspectos técnicos: também exige cuidado com a vegetação presente nas margens. Segundo ela, espécies exóticas como taquareiras e pinus predominavam no local, representando riscos tanto à segurança das pessoas quanto ao equilíbrio do córrego. “Essas espécies podem cair, obstruir o fluxo da água e agravar a erosão. Por isso, na primeira semana da obra, realizamos a remoção dessas plantas, que estavam instáveis”, comenta.

Com a área limpa, a equipe avançou para a fase de preparação do terreno. “Aqui nesta área será aplicada a técnica de enrocamento vivo, que combina a colocação de rochas com o plantio de espécies nativas entre os espaços das pedras, ajudando a estabilizar o solo e integrando soluções naturais e técnicas de engenharia”, diz Rita.

Trabalho conjunto entre laboratórios fortalece projeto de recuperação da sanga

Produção de mudas nativas no Viveiro Florestal da UFSM envolve coleta, cultivo e preparo para o plantio nas margens da sanga. (Foto: Sofhia Krening)

A recuperação da Sanga Lagoão do Ouro é fruto da cooperação entre dois laboratórios do Departamento de Ciências Florestais da UFSM. O LabEn é responsável pelo desenvolvimento técnico da obra, enquanto o Laboratório de Silvicultura e Viveiro Florestal (Labsilvi) atua na produção das mudas que serão utilizadas no plantio, a partir de espécies nativas adaptadas às margens de rios e córregos.

A professora Maristela Machado Araújo, coordenadora do Labsilvi, explica que o processo envolve desde a coleta até a produção das mudas no Viveiro Florestal da UFSM. “Nossa participação é na coleta de propágulos, como sementes e estacas, e na produção de mudas de espécies nativas reófilas. Essas espécies desenvolvem um sistema radicular capaz de estabilizar as margens dos rios, além de apresentarem ramos flexíveis para suportar a força do fluxo d’água”, destaca.

Maristela também ressalta o envolvimento da comunidade acadêmica na ação. “A produção de mudas envolve estudantes da graduação e da pós-graduação em Engenharia Florestal. Em relação ao plantio, estamos otimistas: cerca de 90% da demanda já está pronta”, afirma. Ela observa, ainda, que, como as mudas são produzidas em recipientes, precisam ser plantadas em breve para manter a qualidade e garantir o bom desenvolvimento.

A pesquisadora Cláudia Costella, também do Labsilvi, reforça que o trabalho exigiu um grande esforço técnico e logístico para garantir a diversidade de espécies vegetais utilizadas no projeto. “Serão plantadas cerca de 15 mil mudas ao longo do trecho da sanga. Algumas espécies, como a Calliandra brevipes, são produzidas por sementes. Já o Phyllanthus, por exemplo, precisa ser multiplicado por estacas. Então, tivemos que ir até o ambiente natural, coletar os galhos e trazer para o viveiro”, explica.

Espécies nativas utilizadas na recuperação da Sanga
A pesquisadora Cláudia Costella, do LABSILVI, mostra a produção de mudas por estaca. (Foto: Sofhia Krening)

Ela relata que, em alguns casos, foi necessário deslocar a equipe para outros municípios em busca das espécies-alvo. “Uma das coletas foi feita em São Martinho da Serra. Mobilizamos parte da equipe para realizar a coleta diretamente no local. Foi desafiador, mas o resultado é um conjunto de mudas bem adaptado ao ambiente da sanga”, conclui.

Valorização da vegetação nativa e importância da área de preservação permanente

A obra de recuperação da Sanga Lagoão do Ouro integra a Área de Preservação Permanente (APP) da UFSM. As APPs são faixas protegidas por lei, geralmente localizadas às margens de rios, córregos e nascentes, com a função de conservar a vegetação, proteger o solo e preservar a qualidade da água. No campus sede da Universidade, a sanga e sua vegetação desempenham esse papel fundamental.

Com cerca de 11 km de extensão total, a Sanga Lagoão do Ouro teve 676 metros selecionados para esta etapa da obra, dividida em quatro áreas prioritárias. Os trabalhos começaram no trecho próximo ao Prédio 26, do Centro de Ciências da Saúde, onde o curso d’água possui aproximadamente 306 metros e concentra três pontos com erosão acentuada.

Além de conter os processos erosivos, o projeto também busca ampliar a biodiversidade e aumentar a segurança da comunidade universitária, especialmente durante períodos de chuva intensa. “Durante as enchentes recentes, houve transbordamento da água, e a força do fluxo agravou ainda mais o processo erosivo. Com a introdução das espécies nativas e as técnicas de engenharia natural, esperamos reduzir esse impacto e recuperar a funcionalidade ambiental da sanga”, explica Rita Sousa.



Texto e foto de capa: Camila Londero, estudante de Jornalismo e estagiária da Agência de Notícias
Design: Daniel Michelon de Carli
Edição: Mariana Henriques

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