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UFSM passa a ofertar disciplina curricular de Língua Vêneta

Com oferta inédita no Brasil, disciplina valoriza herança cultural da imigração italiana e reforça processo de internacionalização da UFSM



A partir do próximo semestre letivo, a UFSM será a primeira instituição de ensino superior do Brasil a ofertar uma disciplina curricular dedicada à língua vêneta. A nova disciplina será vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (PPGEPT) e representa um avanço significativo nas ações de valorização das heranças culturais da imigração italiana na região da Quarta Colônia.

Os professores Marcos Zancan e Alessandro Mocellin apresentam a proposta da nova disciplina de Língua Vêneta durante reunião do PPGEPT (foto: arquivo do PPGEPT)

A iniciativa dá continuidade a um trabalho que há anos vem sendo desenvolvido na UFSM, especialmente por meio do projeto de extensão “História, língua e cultura de imigração italiana na Quarta Colônia”, coordenado pelo professor Marcos Daniel Zancan. Agora, com a inserção curricular da disciplina, o reconhecimento institucional se amplia. “Antes, os cursos de língua vêneta eram sempre cursos de extensão. Agora, essa disciplina é curricular. O aluno que cursar terá no histórico acadêmico o registro de que estudou a língua vêneta”, destaca o professor Zancan.

A novidade passa a valer já no segundo semestre letivo de 2025. As matrículas poderão ser realizadas entre os dias 21 e 26 de julho, conforme o calendário acadêmico da UFSM. A disciplina será aberta a alunos da pós-graduação e da graduação, e também à comunidade externa, por meio da modalidade de Aluno Especial.

Ensino, cultura e internacionalização

A criação da disciplina de Língua Vêneta no currículo do PPGEPT representa não apenas um avanço na valorização da diversidade cultural da região, mas também uma ação concreta de internacionalização do ensino na UFSM. A proposta surge no contexto do acordo de cooperação internacional firmado entre a universidade e a Academia de ła Bona Creansa, instituição sediada no Vêneto (região do norte da Itália), voltada ao ensino e à preservação da língua e da cultura vêneta.

Com a nova disciplina, o vínculo se fortalece e atinge um novo patamar, agora integrado à estrutura curricular da pós-graduação. A professora Leila Araújo, titular da disciplina, avalia a importância da oferta como uma resposta ao desejo de muitas pessoas de aprofundar seus conhecimentos sobre sua história. “A inserção da disciplina de Língua Vêneta no currículo destaca a UFSM como a primeira universidade do país a ofertar esse conteúdo. Além disso, atende o desejo de muitos que querem aprofundar seus conhecimentos sobre suas raízes, sua cultura e as contribuições que os descendentes dos vênetos proporcionaram ao desenvolvimento econômico, social e do mundo do trabalho em uma época tão remota e em situações bastante difíceis para eles”, pontua a docente.

A oferta do componente também reflete uma tendência crescente de instituições de ensino superior que buscam estreitar laços com comunidades tradicionais e responder, de forma sensível e inovadora, às demandas sociais e culturais de seu entorno. Nesse sentido, a disciplina de Língua Vêneta se consolida como uma iniciativa exemplar, unindo ensino, pesquisa, extensão e internacionalização em uma mesma proposta pedagógica.

Mais que uma língua: identidade e história

Embora tenha como foco principal o ensino do idioma, a disciplina propõe uma abordagem integrada entre língua, história e cultura. O conteúdo busca resgatar aspectos da imigração italiana e refletir sobre sua permanência na identidade das comunidades da Quarta Colônia, atualmente reconhecida como geoparque mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Para o professor Alessandro Mocellin, presidente da Academia de ła Bona Creansa, é essencial que o ensino da língua esteja acompanhado de uma compreensão profunda de seu contexto cultural. “Introduzir no ensino da língua vêneta também elementos da história do território vêneto é algo fundamental. Estudar uma língua não significa apenas aprender palavras e regras gramaticais, mas também compreender o contexto histórico e social de onde essa língua provém, no qual ela se formou e que ela mesma ajudou a formar”, afirma.

Segundo ele, essa abordagem é ainda mais significativa em um contexto como o brasileiro. “Muitos estudantes são descendentes de imigrantes vênetos, cujo desejo de conhecimento não se limita à competência linguística, mas também expressa uma necessidade de autoconhecimento por meio da história de seus antepassados”, completa.

O professor Alessandro também ressalta o papel transformador da educação nesse processo. “A memória familiar muitas vezes trouxe informações parciais, que se misturaram com dados corretos e outros apenas acreditados como verdadeiros, e isso é normal. É justamente aqui que entra o valor da educação e da formação: fornecer conhecimento e ferramentas para desenvolver habilidades e competências sólidas e verificadas.”

Entre o ensino e a memória: a proposta da disciplina

Os objetivos da disciplina refletem esse compromisso com o resgate e a valorização cultural. A proposta visa:

• Promover o uso básico da língua vêneta, oral e escrita, em contextos acadêmicos, sociais e culturais;

• Estudar a história e a cultura vêneta como instrumentos de pesquisa sobre a educação profissional não formal;

• Desenvolver práticas e ferramentas voltadas à manutenção da identidade cultural em regiões marcadas pela imigração, como a Quarta Colônia.

Com carga horária de 45 horas, a disciplina contará com encontros presenciais semanais e materiais didáticos especialmente desenvolvidos para o contexto brasileiro. As atividades serão ministradas em português e em vêneto, com o uso de metodologias ativas que favorecem a participação dos estudantes e o contato direto com a cultura estudada.

As aulas serão conduzidas por um grupo de docentes com experiência em ensino, pesquisa e extensão na área: a professora Leila Araújo, titular da disciplina; o professor Marcos Daniel Zancan, coordenador do projeto de extensão que inspira a proposta curricular; o professor Alessandro Mocellin, presidente da Academia de ła Bona Creansa; e o professor Fernando Menegatti, egresso do PPGEPT e pesquisador dedicado à temática da língua vêneta.

O conteúdo programático completo da disciplina pode ser acessado neste link, que detalha os temas abordados ao longo do semestre. Dúvidas sobre a disciplina podem ser esclarecidas pelo e-mail: ppgept@ctism.ufsm.br.

Texto e arte gráfica: Camila Londero, estudante de Jornalismo e estagiária da Agência de Notícias

Foto de capa: Ana Alicia Flores

Edição: Lucas Casali

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