A segunda edição da Semana da Inovação ocorreu de terça (21) a sexta-feira (24), realizada pelo Inovatec – Parque Tecnológico da UFSM, promovendo visitas, oficinas, minicursos e dinâmicas para o público. O apoio foi da Finep.

Diferente da Semana de 2024, que focou na foodtech, a edição deste ano expandiu as atividades para outras áreas, como bioinsumos, cultura maker e tecnologias sustentáveis, que são temáticas trabalhadas no Inovatec. “No ano passado, focamos basicamente em foodtech, e numa ideia de ter esse primeiro contato com o público. Era uma coisa que avaliamos que era muito nova, muito recente para a realidade do público”, explica a analista de eventos do Inovatec, Luciana Ribeiro.

Outra novidade é que a edição deste ano teve como proposta não apenas apresentar projetos de inovações e soluções, mas também de levar o público para uma experiência mais aprofundada: conhecer quem são as pessoas por trás destes projetos, e como essas ideias surgiram e foram desenvolvidas. “Esse ano decidimos buscar uma estratégia mais focada em como essas coisas acontecem, e falar com grupos pequenos, mas de forma mais aprofundada”, comenta Luciana.

O evento contou com cerca de 200 participantes. As inscrições foram feitas por meio de divulgações no Instagram e no site da Inovatec, e as vagas eram limitadas por conta dos aparelhos utilizados e espaço disponível nos laboratórios.

Programação da 2ª Semana da Inovação

As atividades tiveram início na terça (21), com a “Imersão foodtech”. Retomando a proposta do ano anterior, a experiência, realizada no Laboratório de Tecnologia em Alimentos, permitiu que o público conhecesse as técnicas e aparelhos da impressão 3D de alimentos e a extrusão de aromas (método de fabricação de aromas em pó). A imersão foi ministrada pelo professor associado do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos (PPGCTA) Juliano Barin.

No mesmo dia, ocorreu o minicurso “Boas Práticas Laboratoriais aplicadas ao desenvolvimento de bioinsumos na Planta Piloto de bioinsumos”, ministrado pela gerente técnica do laboratório, Clair Walker. Com o curso, os participantes aprenderam quais são as Boas Práticas Laboratoriais (BPL), que são um conjunto de procedimentos que asseguram a qualidade e a segurança da produção em um ambiente laboratorial.

A Planta Piloto de Bioinsumos é um laboratório de prototipagem e processos biotecnológicos do Centro de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia em Bioinsumos (Cedettec), ligado ao Inovatec. Os bioinsumos são organismos vivos (como as bactérias, insetos e plantas), utilizados para melhorar a fertilidade do solo e também no controle de pragas, como substitutos dos agrotóxicos. 

Na quarta (22), foi realizada uma oficina de confecção de foguetes, ministrada pela TAU Rocket Team, equipe de foguetemodelismo da UFSM. A oficina ocorreu em parceria com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias.

A equipe foi para a escola e apresentou seu trabalho em Engenharia Espacial e as competições que já participaram para a turma do 9º ano da escola. Além disso, os alunos aprenderam os princípios do foguetemodelismo, e puderam montar seus próprios foguetes com garrafas PET.

Na quinta (23), outra atividade ocorreu também na EMEF Duque de Caxias: uma oficina sobre a formação dos relevos terrestres utilizando chocolate 3D, ministrada pela bolsista do PPGCTA Angélica Kaufmann para alunos do 7º ano da escola.

Angélica é nutricionista e está se formando em Geografia, por isso teve a ideia de juntar as duas áreas para descobrir formas de dar aulas de geografia de um jeito mais lúdico para as crianças. Utilizando uma impressora 3D, ela imprimiu chocolates com formatos de relevos (como montanhas, planícies e depressões), e levou para os alunos pintarem e personalizarem as barras, utilizando canetas comestíveis.

No mesmo dia, Angélica também ministrou uma outra oficina de foodtech, realizada com cinco turmas da Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo, da UFSM, que ensinou para as crianças como a tecnologia é utilizada para criar alimentos. A atividade foi adaptada com uma linguagem mais simples, e levou a impressora 3D para as crianças observarem como ela funciona.

Na sexta-feira (24), o último dia do evento contou com uma imersão prática sobre a prototipagem – processo de criação de um protótipo ou modelo inicial para testar um produto ou sistema -, ministrada por Lorenzo Gatelli, da startup Auftek Tecnologia, e pelo bolsista de design do Inovatec Keven Keller.

Os participantes tiveram contato com a cultura maker (ou “faça você mesmo”), e descobriram como impressoras 3D são utilizadas para criar diferentes produtos e alimentos. A atividade ocorreu no Inovatec Lab, localizado no prédio 61H, que foi inaugurado em maio deste ano e é o primeiro espaço de desenvolvimento de ideias e soluções inovadoras com a produção maker vinculado a um Parque Tecnológico em Santa Maria.

Semana da Inovação além do arco

A expansão das temáticas abordadas no evento também representa a proposta de levar a inovação para a comunidade de Santa Maria. Luciana conta que as parcerias com o PPGCTA, Cedeittec/Planta Piloto, TAU Rocket Team, EMEF Duque de Caxias, Ipê Amarelo e Auftek foram essenciais para levantar a curiosidade das pessoas sobre as áreas e como esses projetos são desenvolvidos, e atrair o público para o evento. “Quanto mais laços formados na comunidade, mais podemos não só aprimorar as nossas pesquisas e a nossa entrega para cidade, como também criar novos projetos, trabalhar em conjunto, e fortalecer nosso ecossistema de inovação”, destaca.

Mostrar para a comunidade as produções realizadas dentro da Universidade e fortalecer essa conexão é uma das contribuições do evento. “Para nós é uma alegria muito grande atravessar o arco. Porque a Universidade é riquíssima em termos de pesquisa, produção acadêmica, em termos de participação em outros eventos de diferentes ramos”, conta.

Luciana explica que o Inovatec gostaria de levar a Semana e mais atividades para outras escolas e locais da região. “É importante que se desperte nesses alunos essa curiosidade pela inovação, e entender que é possível eles atuarem em diferentes coisas. Imagina o impacto de você levar para um adolescente essa possibilidade de você ter uma carreira assim. De repente, uma coisa que seria um sonho, quase impossível, levamos para eles o caminho. Olha, isso aqui é real, existe e você pode fazer parte, você pode trabalhar com isso”, comenta.

Texto: Giulia Maffi, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias.
Fotos: Inovatec
Edição: Ricardo Bonfanti