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Comunidades quilombolas de Restinga Sêca recebem centenas de turistas na Caminhada Internacional na Natureza

Evento reuniu história, cultura e natureza em um percurso pelas comunidades quilombolas



No último sábado (09), Restinga Sêca foi palco de um encontro que uniu turismo, cultura e preservação ambiental: a Caminhada Internacional na Natureza – “Caminhando com os Quilombolas: história e ancestralidade”. A atividade, parte do circuito mundial de caminhadas rurais, atraiu centenas de participantes de diferentes municípios e estados, superando as expectativas dos organizadores e movimentando o turismo local.

O evento foi realizado em parceria com a Prefeitura Municipal de Restinga Sêca, a Emater/RS-Ascar, o Programa do Geoparque de Assistência Técnica e Extensão Rural (PROGEATER) e Observatório de Direitos Humanos da Pró-Reitoria de Extensão da UFSM, e principalmente com o protagonismo das Comunidades Quilombolas. A caminhada percorreu aproximadamente 7 quilômetros pelo território da Quarta Colônia Geoparque Mundial da UNESCO.

O Observatório de Direitos Humanos da UFSM teve papel fundamental na participação de novos públicos ao disponibilizar um ônibus pelo projeto de Afroturismo na Região Central do RS, fomentado pela Fundação Cultural Palmares. A iniciativa busca valorizar e dar mais visibilidade às comunidades quilombolas, destacando sua força, resistência e potência cultural.

As comunidades e sua história
O trajeto passou por duas importantes comunidades quilombolas: São Miguel dos Carvalhos e Rincão dos Martimianos. Ao longo do percurso, moradores abriram suas casas e compartilharam histórias, saberes e tradições preservadas há gerações.

  • São Miguel dos Carvalhos é reconhecida por sua forte organização comunitária e por preservar práticas culturais e religiosas afro-brasileiras, além de desenvolver projetos ligados ao uso sustentável das frutas nativas.
  • Rincão dos Martimianos mantém viva a memória de seus antepassados por meio de festas, rituais e da gastronomia típica, sendo referência regional na produção de alimentos caseiros.

Durante a caminhada, a Comunidade Quilombola São Miguel dos Carvalhos e a Comunidade Quilombola Vovó Isabel, de Nova Palma, ofereceram um café da manhã típico. Já o Rincão dos Martimianos sediou o encerramento com uma feijoada preparada pelas famílias locais. No ponto final, ambas as comunidades em conjunto com a Comunidade Quilombola Vó Firmina e Vó Maria Eulina, do distrito barro Vermelho de Restinga Sêca, comercializaram peças de artesanato e de suas agroindústrias, fortalecendo a economia solidária. Ao total, foram movimentados mais de 5 mil reais na comercialização das gastronomias e produtos quilombolas durante o evento.

Outro destaque foi a banca “Sabores de São Miguel”, projeto do Núcleo de Estudos em Áreas Protegidas (NEAP/UFSM), que apresentou aos visitantes as propriedades medicinais e gastronômicas das frutas nativas da Mata Atlântica, conectando ciência e saberes tradicionais.

Mais que esporte, um ato de resistência e preservação

A Caminhada Internacional na Natureza realizada em Restinga Sêca foi muito mais do que um evento de esportes populares: foi um ato de resistência, valorização cultural e preservação ambiental. Além de promover o turismo rural sustentável e a conservação ambiental (ODS 15 – Vida Terrestre), a iniciativa reforçou o papel das comunidades quilombolas na redução das desigualdades (ODS 10) e na valorização da diversidade cultural (ODS 16). O protagonismo feminino também se destacou, evidenciando a contribuição para a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas (ODS 5).

Para Roberto Potácio da Rosa, liderança da comunidade São Miguel dos Carvalhos, a caminhada “superou as expectativas”. A professora Fabiana Rosa destacou que o evento “serviu para o fortalecimento das comunidades e para que as pessoas possam conhecer como é a vida e a história dos quilombolas”.

A presidenta da Associação do Quilombo Rincão dos Martimianos, Clédis Resende de Souza, afirmou: “Pela primeira vez estamos organizando esse evento na comunidade e a experiência foi muito boa, pois queremos investir no ramo de afroturismo”.

A caminhada também teve caráter internacional, com participantes de outros países. O nigeriano Oluwatimilehin Emmanuel Fabeku, 40 anos, doutorando em Educação na UFSM, ressaltou: “Essa caminhada, em especial, é muito importante, pois em Restinga Sêca encontrei pessoas negras. Essa é a minha identidade, quero me identificar com pessoas assim e conhecer a sua história”.

Já o angolano Bruno Madureira Sucumula, mestrando em Direito na UFSM, descreveu: “Essa caminhada foi um momento extraordinário, pois tive a oportunidade de conversar com as pessoas das comunidades quilombolas. Mais do que sete quilômetros de caminhada, foram mais de 300 anos de partilha, de conhecimento e de história. Descobri que, fora da África, existe um país muito plural e que respeita a diversidade cultural”.

O sucesso da caminhada reforça a vocação do Quarta Colônia Geoparque Mundial da UNESCO como destino turístico-cultural e mostra que, quando tradição, natureza e participação comunitária caminham juntas, o impacto positivo se espalha por toda a região.

Fortalecendo o Afroturismo na região

A UFSM tem colaborado em uma série de iniciativas que visam apoiar as ações das comunidades quilombolas da região central do estado. Iniciado em 2025, o projeto “Afroturismo no centro do Rio Grande do Sul: Identidade e Tradição” recebe fomento da Fundação Cultural Palmares para fortalecer a visibilidade e autonomia das comunidades quilombolas, promovendo a geração de renda, criação de conteúdos, materiais paradidáticos e outras ferramentas que fortaleçam a preservação da cultura negra local.

Ao final da caminhada, os turistas puderam conhecer o mural afroreferenciado, “Raizes que Florescem”, que compõe a fachada do salão comunitário do Quilombo dos Martimianos, realizado no âmbito do projeto pelo artista visual Antonio Jose Dos Santos Filho (Braziliano),  e presenciar o desfile de moda afro realizado por mulheres da comunidade que estão se formando no curso de Designer de Moda Afro fornecido pelo projeto Tecendo Novos Saberes, realizado pela UFSM com fomento do Programa Manuel Querino do Ministério do Trabalho.

“É necessário criar cada vez mais espaços para que as pessoas conheçam as comunidades quilombolas que também compõem a identidade de nossa região. Precisamos lembrar e reafirmar que a Quarta Colônia também é negra!” declara Victor De Carli Lopes, coordenador do Projeto de Afroturismo e coordenador de Cidadania da UFSM.


Para mais informações, os interessados podem acessar as redes sociais do projeto @caminhadasufsm ou na comunidade de avisos do WhatsApp. Para saber mais sobre ações de afroturismo, sigam as redes do Observatório de Direitos Humanos.

 

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