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Palestras sobre apoio psicossocial e apresentação de trabalhos são destaque no segundo dia do ConBrasCC

Congresso segue até sábado (31) com oficinas e cursos práticos ministrados pelos palestrantes do evento



Desde quinta-feira (29), a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) sedia o Congresso Brasileiro sobre Catástrofe (ConBrasCC). Com isso, o Centro de Convenções da UFSM se tornou palco de palestras ministradas por pesquisadores e especialistas, em especial aqueles que atuam em serviços de saúde, para abordar o novo contexto de mudanças climáticas e suas repercussões sociais.

Conferências abordam acolhimento psicossocial e estratégias de Atenção Primária em Saúde (APS)

Na manhã desta sexta-feira (30), o ciclo de conferências foi aberto pela doutora em saúde coletiva Liane Beatriz Righi, com a palestra “Atenção Primária em Saúde (APS) em tempos de catástrofes climáticas: capacidade de gestão e reconfiguração de redes e territórios afetados”. Em sua fala, Liane destacou a necessidade de uma estruturação metodológica para atuar em situações de emergência. “Precisamos de um modelo de atenção integral e fortalecer os protocolos de APS. Além de estabelecer uma capacitação eficaz para as equipes de atenção primária”, argumenta.

Enquanto refletia sobre os serviços de APS, a palestrante frisou a importância da adaptabilidade para esses setores. “É necessário que as equipes de gestão revisem suas metodologias, a fim de se adaptar às mudanças climáticas e suas consequências, e não retroceder suas táticas a ponto de não aprender com esses eventos de desastres”, alertou.

Na sequência, a conferência sobre “Intervenção psicológica em catástrofes: abordagens práticas no primeiro acolhimento emocional”, foi ministrada pela psicóloga da Força Tarefa do Sistema Único de Saúde (SUS), Débora Noal. Em paralelo à fala de Liane, a palestrante apontou a necessidade de estabelecer um acolhimento sistemático e pré-estabelecido. “Quando há uma crise, os órgãos de gestão recebem uma enxurrada de psicólogos voluntários que, após a calmaria, descontinuam o auxílio. Isso traz consequências ao emocional, já que o paciente para de receber a atenção apropriada e corre o risco de sentir-se abandonado”, explica. 

Com essa preocupação, Débora apresentou aos presentes a metodologia utilizada pela Força Tarefa SUS para resposta a emergências em saúde pública. Além disso, a psicóloga reforçou aspectos que profissionais do acolhimento psicossocial devem prestar mais atenção, caso venham atuar em situações emergenciais. “O entendimento do contexto social de um ser humano, sua cultura e meio que está inserido são de extrema importância para o profissional elaborar uma estratégia de atendimento eficaz”, descreve.

Débora Noal é psicóloga na Força Tarefa SUS e trouxe suas perspectivas sobre o acolhimento psicossocial em tempos de desastres

Débora ainda apontou que o Congresso traz visibilidade para a temática do acolhimento psicossocial, e permite uma grande troca de experiências entre gestores, profissionais de saúde e estudantes. “As pessoas aqui, hoje, vivem em um estado onde a questão climática é sensível. Então, ter uma população mais qualificada em gestão de crises pode garantir a maior segurança da população com um todo”, finaliza a palestrante.

Pela tarde, o evento seguiu com a mesa redonda “Desastres não escolhem fronteiras: A Importância interinstitucional na Resposta Humanitária”, ministrada por Eduardo Fernando de Souza, enfermeiro e membro do Comitê Nacional de Enfermagem em Desastres e Emergências de Saúde Pública do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), por Melissa Haigert Couto Moraes, psicóloga Fundadora da RAP (Rede de Apoio Psicossocial), especialista em Emergências e Desastres, e Ismael Pereira, presidente da Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul.

Em seu discurso de abertura da roda, Ismael apresentou um panorama sobre os eventos extremos de 2024. Segundo ele, devemos reconhecer que os desastres não foram apenas hidrológicos e geológicos, mas também biológicos, já que a incidência de certas doenças foi agravado após as chuvas. O palestrante ainda reforçou a importância de uma resposta emergencial interdisciplinar para lidar com catástrofes climáticas.

Após Ismael, o enfermeiro Eduardo Fernando de Souza trouxe para debate a importância de cuidar dos profissionais da enfermagem que atuam em situações extremas. Em sua fala, Eduardo comentou que, após os eventos de maio, o Cofem criou o “Comitê Nacional de Enfermagem em Desastres, Catástrofes e Emergências de Saúde Pública”, na intenção de mapear e acolher enfermeiros. Na sequência, o palestrante ainda apontou que a falta de comunicação e coordenação das instituições governamentais prejudica a eficiência da resposta em momentos emergenciais.

O momento foi encerrado com a fala da psicóloga Melissa Couto, que em meio a relatos pessoais e profundos de sua atuação no acolhimento psicossocial em situações extremas, reforçou a necessidade inserir cada vez mais essa temática no universo acadêmico. “Em toda a minha carreira, eu nunca tive a oportunidade de oferecer uma disciplina que aborde técnicas de acolhimento psicológico em desastres. Felizmente, agora, está se criando uma abertura para esse tema”, contextualiza. Melissa ainda afirmou que “acontecer eventos como esse, dentro de uma instituição que forma profissionais para uma atuação prática, promove a troca de experiências e reforça que nossas ações não são, nem devem ser, isoladas”.

Ismael Pereira retomou os eventos extremos de maio de 2024
Eduardo Fernando de Souza (à esquerda) e Melissa Couto (à direita) reforçaram a importância da integralidade na atuação em situação de desastres

Congressistas apresentam trabalhos no Centro de Convenções

Além das conferências, o Congresso abriu espaço para apresentações de trabalhos sobre experiências relacionadas ao enfrentamento de desastres climáticos, ambientais e outras catástrofes. A comissão organizadora considerou os formatos de relato, pesquisa original e/ou pesquisa bibliográfica. Ao total, o evento recebeu um total de 124 submissões, nas quais 14 delas concorrerão a prêmios. 

Natalie Pereira Soares apresentou trabalho sobre fontes jornalísticas em meio ao desastre climático

A jornalista e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (POSCOM) da UFSM, Natalie Pereira Soares, e a jornalista Taís Schakofski Busanello, trouxeram ao Congresso o artigo “Fontes jornalísticas em meio ao desastre climático”. Natalie, que foi responsável pela apresentação do banner,  descreve a temática do trabalho: “Esse trabalho é um recorte de um artigo que escrevemos, dessa vez nós focamos nos tipos de fontes utilizadas por um veículo jornalístico e identificamos que havia poucas fontes testemunhais, ou seja, carece de humanização”, explica a estudante.

Bruna Rezende Martins apresentou o trabalho desenvolvido junto às colegas Ana Beatriz Panzera e Hawane Lopes

Vindas de fora dos portões da UFSM, as estudantes Bruna Rezende Martins, doutoranda de Enfermagem na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Ana Beatriz Panzera, graduanda de Psicologia na Unisc, e a graduanda de Enfermagem pela Universidade do Vale Taquari (Univates), Hawane Lopes, também apresentaram trabalhos (em totem) no evento. “Nós apresentamos uma análise sobre a 28ª região de saúde, no Vale do Rio Pardo, verificando a incidência de dengue, número de desaparecidos e óbitos dessa região”, comentou Bruna.

Ceura Beatriz de Souza Cunha trouxe relatos do Núcleo de Imunizações de Porto Alegre

No segundo andar do Centro de Convenções, acontecia a apresentação de trabalhos na modalidade oral. A técnica de enfermagem Ceura Beatriz de Souza Cunha compartilhou um relato de experiência da equipe do Núcleo de Imunizações de Porto Alegre durante a época das enchentes de maio de 2024. Ceura relembrou que devido a enxurrada, o Núcleo sofreu alagamentos e a equipe precisou se adaptar a situação, além de continuar o oferecimento de apoio social no setor de imunização. “Tínhamos que dar suporte ao município e, ao mesmo tempo, fazer a entrega das vacinas, fazer capacitações com a população e campanhas de vacinação, tendo em vista que na época o Ministério da Saúde buscou imunizar quem estava na linha de frente do desastre”, pontua. 

Congresso promoverá oficinas pós-evento

O Congresso encerrará o ciclo de conferências e mesas redondas nesta sexta-feira (30), mas o evento segue até sábado (31), com cursos e oficinas práticas sobre as temáticas abordadas. Demais informações sobre as oficinas podem ser encontradas na página oficial do ConBrasCC.

Mais detalhes sobre o primeiro dia do ConBrasCC podem ser conferidos na reportagem produzida pela Agência de Notícias.

 

Texto: Pedro Moro, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Vinícius Maeda, estudante de Jornalismo e estagiário na Agência de Notícias
Edição: Mariana Henriques, jornalista

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