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Doutoranda Rosane Heck busca tornar alimentos mais saudáveis por meio da incorporação do ômega 3



O Dia Internacional da Mulher é um dia de luta pelos direitos das mulheres e pela visibilização do seu papel na sociedade. A UFSM, atualmente, conta com 1055 alunas no doutorado, o equivalente a 61%. Nesta semana, trazemos três doutorandas da UFSM que contam um pouco da sua trajetória na ciência e da pesquisa que desenvolvem na Universidade.

Foto de mulher sentada no sofá com notebook no coloHoje, entrevistamos a pesquisadora Rosane Heck, bacharel em Engenharia de Alimentos, formada pela Unipampa. Mestre em Tecnologia de Alimentos (PPGCTA) e doutoranda do mesmo programa desde agosto de 2017. Também é licenciada pela UFSM no Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação Profissional.

O que lhe despertou a vontade de ser pesquisadora?

A vontade de ser pesquisadora nasceu muito cedo, desde a infância, na verdade. Adorava descobrir sabores, cores e combinações diferentes para os alimentos. E essa vontade de descobrir a composição dos alimentos foi crescendo no decorrer do tempo, inclusive influenciou na escolha do curso.

Faz parte de algum grupo de pesquisa ou recebe bolsa? Se sim, qual (quais)? 

Atualmente, sou bolsista de doutorado do Programa de Demanda Social da CAPES. Faço parte do Grupo de Pesquisa em Intensificação, Integração e Inovação de Processos (3i) da UFSM, que tem por finalidade desenvolver soluções inovadoras para as indústrias químicas e de alimentos através da integração de diversas tecnologias para a intensificação de processos que agreguem valor às cadeias globais de produção.

Poderia contar sobre sua pesquisa? 

A pesquisa que estou desenvolvendo se trata de uma estratégia para conferir características mais saudáveis aos alimentos através da incorporação de ômega-3, já que a maioria dos alimentos têm pouca quantidade deste ácido graxo benéfico à saúde e, além disso, o ômega-3 presente nos alimentos pode ser degradado durante o aquecimento, perdendo assim seu efeito benéfico à saúde e podendo até mesmo se tornar tóxico e cancerígeno. 

A qual pergunta busca responder? 

A solução que a pesquisa propõe é a produção de um ingrediente rico em ômega-3 através de uma técnica inovadora de microencapsulação. As microcápsulas possuem como diferencial a alta resistência térmica, o que significa que o ômega 3 não é degradado quando aquecido. Isto possibilita que sejam aplicadas em uma grande variedade de produtos alimentícios. Além disso, por serem 100% de origem vegetal, podem ser utilizadas para enriquecer produtos veganos. 

Outro diferencial é que as microcápsulas produzidas neste estudo somente liberam o ômega-3 no final do intestino humano, possibilitando sua total absorção pelo organismo

Foto de bifes de hamburgers assando em churrasqueiraJá apresenta resultados?

As microcápsulas já foram testadas com sucesso em hambúrgueres bovinos, substituindo 50% da gordura animal na sua composição. Para qualificar esse experimento, foram analisados os aspectos tecnológicos, físico-químicos e sensoriais dos hambúrgueres. A adição das microcápsulas proporcionou um aumento de 1000% no teor de ômega-3 dos hambúrgueres. 

Essa pesquisa é reconhecida internacionalmente na área de produtos cárneos e foi publicada na conceituada revista Meat Science. O fato dela ser a mais citada dentre os 1106 artigos publicados na revista desde 2017 comprova a importância desse tema. Definitivamente, a saudabilidade deixou de ser uma tendência e se tornou uma realidade. Além dos benefícios para a saúde com a redução do consumo de ácidos graxos saturados e do aumento de poli-insaturados (PUFAs) através da microencapsulação, também desenvolvi uma técnica que utiliza a gelificação de óleos saudáveis ricos em ômega-3 para aplicação em produtos cárneos, que une a ação combinada entre estrutura e os benefícios para a saúde, possibilitando sua aplicação em alimentos. 

Com o objetivo de diminuir a oxidação lipídica, testei com sucesso estratégias para enriquecer os óleos saudáveis com compostos bioativos através de extração sem solventes utilizando técnicas de extração direta por ultrassom e de hidrodifusão assistida por micro-ondas por ação gravitacional (MHG). Confirmando o sucesso desta pesquisa e com o intuito de disponibilizar para a população os benefícios da ingestão de ômega-3 termicamente estável e com liberação controlada no intestino, está em fase de incubação na Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (Agittec) a startup W3 Special Ingredients, a qual sou CEO.

Há mais mulheres na sua área de atuação? A presença de mulheres na sua área de pesquisa é expressiva? 

Com base no ranking realizado pela Expertscape com relação aos artigos publicados entre 2010 e 2021, a presença de mulheres na área de produtos cárneos é menor que a masculina. Em relação à classificação na América Latina, temos a presença de 6 mulheres até a 15ª posição, na qual estou em 13º. Em termos de Brasil, temos 6 mulheres até a mesma posição, a qual me encontro, atualmente, na posição 11.

Você teve professoras ou outras pesquisadoras/extensionistas que te apoiaram e te inspiraram nessa trajetória? 

Até hoje todos os meus orientadores sempre foram homens, tanto na graduação quanto na pós-graduação, mas tenho algumas influências femininas na área da pesquisa que são fontes de inspiração. Uma delas é a professora Tatiana Emanuelli do PPGCTA que já foi premiada pela Elsevier por ser uma das mulheres mais produtivas do mundo.

Quais são os maiores desafios enfrentados por mulheres na busca pela igualdade de gênero na ciência?

Na minha opinião, os maiores desafios enfrentados por mulheres quanto à igualdade na ciência são justamente se desvencilhar dos estereótipos que as mulheres estão atreladas.

De que forma você acredita que mais meninas poderiam ser incentivadas a se interessar pela ciência e ambicionar se tornarem cientistas?

Acredito que os incentivos às meninas devem iniciar já na infância com programas educacionais que possibilitem conhecer experiências e o ambiente científico.

 

As outras doutorandas entrevistadas são Jéssica Croda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal e Franciele Oliveira do Programa de Pós-Graduação em História.

Confira também o programa Elas na Ciência no canal do YouTube da TV Campus que entrevista professoras da UFSM.

 

 

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