Nas praças e em lugares públicos, as
feiras orgânicas têm disputado espaço entre as variadas redes de FastFood e chamado a atenção dos
brasileiros com seus produtos livres de conservantes. Apesar do mercado apontar
o aumento dessa tendência, a obesidade no Brasil subiu de 11,8% em 2006 para
18,9% em 2016, no mesmo passo que o sedentarismo atingiu 45,9% dos brasileiros
no mesmo ano, segundo dados do Ministério da Saúde e Diagnóstico Nacional do
Esporte. Diante desse quadro, a professora Daniela Lopes dos Santos, do Centro
de Educação física e Desportos (CEFD) elaborou o projeto “Orientação
Nutricional e exercícios físicos para todos”, para que pudesse atender uma
parcela da comunidade, interessada em melhorar os hábitos de vida.
O primeiro passo para começar um método
de treinamento é aliar o gosto pessoal com a indicação profissional. Diante das
incertezas que permeiam muitas pessoas sobre qual melhor método a ser
utilizado, a professora Daniela realizou vários tipos de treinamentos, como o
treinamento funcional e o Mat Pilates, com diferentes grupos de pessoas a fim
de visualizar quais os resultados obtidos. A partir das coletas de sangue,
dados, bioquímica e abdominal, no caso do Pilates, são feitas as comparações entre
antes e depois dos treinamentos para avaliar o efeito obtido.

O projeto é uma oportunidade não só à
comunidade de Santa Maria, mas aos próprios alunos de educação física e nutrição
de já trabalharem com o público. Junto ao encaminhamento físico, os grupos
tem a oportunidade de receber orientações nutricionais através dos alunos e
mestrandos em nutrição que participam do projeto. As dicas sobre alimentação saudável
são compartilhadas entre os participantes e ajudam a estimular a procura por
outros métodos sadios. Essa prática adotada em grupo é o estímulo que muitas
vezes falta à sociedade para dar início e prosseguimento com exercícios e atos
saudáveis, conforme observa Daniela.
Ciente dos índices negativos em relação à
obesidade da população brasileira, a professora acredita que apenas a
informação não é o suficiente para mudar os hábitos de vida da sociedade. “As
pessoas, de forma geral, até sabem que tem que fazer atividade física, tem que
se alimentar melhor, mas eu acho que o que falta é justamente elas terem acesso
a isso”, comenta Daniela, que observa o elevado preço dos alimentos integrais e
saudáveis, frente à praticidade e barateamento de alimentos prejudiciais, como
os industrializados.
A solução para a melhora no quadro
brasileiro, segundo a professora, é a busca, tanto em nível estadual, como
local, por políticas públicas. Alguns municípios do Rio Grande do Sul já
adotaram, em suas prefeituras, núcleos que englobam vários profissionais da
saúde, como nutricionista, psicólogo e educadores físicos. Juntos, os
especialistas proporcionam à população um trabalho que atende diversas áreas.
“No município, as políticas públicas seriam interessantes, porque são pessoas
daqui. Se o município se preocupasse com isso, certamente teria ganhos”,
comenta Daniela, que observa a falta de um local adequado, em Santa Maria, para
a prática de exercícios físicos.
Influências
na alimentação
Nas prateleiras dos supermercados,
repletas de itens industrializados, são poucas as crianças que preferem optar
por alimentos mais saudáveis. Por trás das embalagens coloridas e atraentes,
existe um mercado publicitário que contribui para influenciar a escolha dos
pequenos. A professora Daniela observa um alto índice de pessoas seguindo as
orientações passadas na mídia, inclusive quando elas encontram-se disseminadas
na internet. Exemplo disso são blogueiros e blogueiras que praticam
treinamentos funcionais, seguem determinadas alimentações e dão dicas de como
as pessoas podem realizá-las. Sem orientações, a população segue o recomendado
por pessoas que nem são da área e arriscam, muitas vezes, consumir produtos que
não deveriam.
Apesar das exceções, alguns programas
existentes na TV têm se preocupado em orientar de forma correta a sociedade
através da presença de profissionais. A professora observa o grande poder de
disseminação do que é dito na mídia, tanto sobre alimentos “queridinhos” da
vez, quanto à própria parte estética. “Isso pra nós influencia bastante porque
a gente quer que as pessoas se preocupem primeiro com a saúde. Pode se
preocupar com a estética, não tem nada contra, mas isso não pode ser o foco
principal”, comenta Daniela, que ainda observa o julgamento das pessoas em
relação ao corpo visto na mídia.
Ainda que a mudança dos hábitos de vida
ainda leve um bom tempo, Daniela é otimista com relação ao cenário do futuro
brasileiro. Segundo ela, as pessoas estão mais preocupadas em ingerir alimentos
orgânicos e saudáveis. “A tendência é essa. Eu vejo até mesmo nas escolas. As
crianças estão mais sensibilizadas com relação à alimentação”, comenta. Apesar
das exceções existirem, tanto em adultos quanto em crianças, atualmente há mais
procura e informações ao alcance da sociedade. “A gente também tem outros
projetos com atividade física e temos notado que as pessoas se sentem melhor,
ficam felizes em fazer atividades físicas”, comemora Daniela.
As pessoas que tiverem interesse em
participar do projeto devem ficar atentas ao site da UFSM. Nele serão
divulgado todas as informações referentes aos treinamentos, locais e horários
disponíveis. Cada novo treino tem a duração de um semestre, na qual são
realizadas as coletas iniciais e finais para avaliar os resultados.
Texto:
Gabrielle Ineu Coradini, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de
Notícias
Fotos: Divulgação
Edição: João Ricardo Gazzaneo